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Itália

"Desde dia 20 que a terra tem estado sempre a tremer"

30 mai, 2012

Portuguesa contou à Renascença como foi sentido o sismo que abalou o norte de Itália.

"Desde dia 20 que a terra tem estado sempre a tremer"

O sismo que na passada terça-feira abalou o Norte da Itália foi sentido por uma portuguesa, que mora em Mirandola, na província de Modena. Ângela Batalha explicou à Renascença como sentiu este terramoto de 5.8 na escala de Richter.

“Estava com o meu marido a tomar o pequeno-almoço, ele estava pronto para ir trabalhar. Os meus filhos ainda estavam a dormir, porque foi praticamente durante uma semana que temos tido sempre tremores de terra e de noite não se consegue dormir. Aproveitamos de dia para descansar”, começou por explicar a portuguesa que vive há 14 anos em Itália.

“De repente sentimos tudo a tremer, só que era um tremor de terra muito diferente do primeiro grande terramoto que houve no dia 20 de Maio. Desta vez parecia que a terra ia para baixo e depois voltava a subir para a superfície. Era uma situação horrível, que dificilmente se pode descrever”, disse Ângela Batalha.

A portuguesa é casada com um italiano, de quem tem dois filhos menores. No final do sismo, a família fugiu de casa e acabou num acampamento improvisando num centro desportivo. “Fugimos para um acampamento, que havia num campo de futebol. Só que aí, como estávamos muito em contacto com a terra, a sensação que a terra estava a tremer era muito maior e estávamos sempre em sobressalto”, disse, explicando que ainda hoje “qualquer ruído mais forte que sentimos, ficamos logo em pânico e ainda estamos a recuperar”.

Agora, a família está alojada numa pousada da juventude, a 90 quilómetros de Mirandola, explica Ângela Batalha. “Ficámos até ontem em Mirandola, que está praticamente toda destruída. Depois a Câmara Municipal conseguiu arranjar-nos uma pousada da juventude a 90 quilómetros da cidade, mas depois temos de voltar a casa. Queríamos adiar esse dia porque é uma cidade fantasma e temos medo de voltar porque os tremores de terra nunca mais pararam. Desde dia 20 que a terra tem estado sempre a tremer. É horrível, principalmente quando se tem crianças”, disse, revelando que a terra não tem parado de tremer na cidade onde vive.

A portuguesa ilustrou a destruição que o sismo causou em Mirandola. “Os edifícios mais antigos desabaram quase todos : as igrejas, o castelo. É uma cidade em que o centro histórico era muito vivo, havia muitas lojas e era um centro histórico muito activo e foi praticamente tudo abaixo”, disse Ângela Batalha.

A portuguesa revelou que “vai ser quase impossível” regressar à normalidade. “Não existe praticamente o centro histórico, as fábricas que davam o ganha-pão às pessoas desmoronaram praticamente 90%. As escolas vão ter de ser reconstruídas”, disse Ângela Batalha, mostrando muita desconfiança relativamente ao futuro da sua família em Mirandola.