25 jun, 2012 • Paula Caeiro Varela
O líder comunista, Jerónimo de Sousa, chegou ao debate derrotado à partida, mas o chumbo da moção de censura não demovia o secretário-geral do PCP. “Pode a correlação de forças aqui na Assembleia não deixar passa a moção, mas não derrotam, nem calam, a censura que hoje perpassa pela sociedade portuguesa”, começou por dizer, durante o debate desta segunda-feira no Parlamento.
“A censura também está lá fora e a realidade, tal como o mundo, move-se. Um dia, isto há-de mudar para melhor”, sustentou Jerónimo de Sousa.
O primeiro-ministro estava preparado para os argumentos dos comunistas. “No fundo, correspondem à tentativa de afirmar um projecto político radical, não sintonizado com a realidade mais elementar das coisas e que, além disso, nunca foi vindicado nas urnas pelo povo soberano”, respondeu Passos Coelho. “Trata-se, portanto, de uma moção de censura ao mundo e à realidade.”
Durante o debate, o que o PCP e os outros partidos queriam saber é se vem aí mais austeridade. O PS, pela voz do deputado João Galamba, entra assim no debate: “Não há riscos acrescidos senhor primeiro-ministro, há uma certeza: a estratégia orçamental deste Governo falhou. Perante estes números, tem de reconhecer que a sua estratégia falhou e não dizer, como aqui disse, que tomará todas as medidas, se necessário de austeridade, para defender o país. Senhor primeiro-ministro, mais medidas de austeridade não defendem o país”.
Na resposta, Pedro Passos Coelho afirmou que o Governo vai fazer o que for preciso. “O senhor deputado gostaria que viesse a este debate dizer que vamos ter mais austeridade. Este Governo exercerá os seus poderes em plenitude para tomar todas as medidas que forem necessárias para garantir o nosso processo de convergência e de ajustamento", começou por dizer o primeiro-ministro.
“Disse e repito: é muito cedo para estar a falar em novas medidas de austeridade”, precisou ainda Passos Coelho, sem excluir liminarmente qualquer cenário.
O deputado comunista António Filipe articulou a insistência do PCP: "Na situação actual, o senhor primeiro-ministro só tem uma de três saídas: renegociação da dívida; medidas de austeridade além do imaginável; ou demitir-se, senhor primeiro-ministro". "Renegociar é que não", disse Passos Coelho.
Numa nota final do debate, o PS, numa intervenção de Pedro Silva Pereira muita aplaudida, censurou o PCP por ainda há um ano "ter estado ao lado da direita" para "derrubar" o Governo de José Sócrates.