Universo musical é excepção à regra da austeridade

01 out, 2013 • André Rodrigues

Rui Reininho, dos GNR, critica as bandas que tentam parecer estrangeiros para ter sucesso e insiste que é falso que as pessoas não queiram consumir boa música.  

Universo musical é excepção à regra da austeridade
Com a austeridade a redefinir prioridades nos orçamentos dos portugueses, é costume julgar que a cultura é relegada ao estatuto de parente pobre.

Pode até ser assim em vários domínios, mas a música é uma excepção. Regra geral, quanto mais estrangeira, mais apetecida, lamenta Rui Reininho.

O líder dos GNR diz que em Portugal os consumidores continuam a preferir o que se faz lá fora mesmo que saia mais caro. Aqui não se sente crise nem austeridade no bolso: “Às vezes, surpreendo-me e penso como é que há dinheiro para ir a tantos festivais quando noutras vertentes se pede contenção e austeridade, e as pessoas nem regateiam para pagar 70 ou 80 euros para ver os Biebers e as Rihannas. Quando se pede 10 euros para ver uma banda portuguesa, diz-se que é muito caro.”

O preconceito estende-se às bandas emergentes, portuguesas de origem, mas sem qualquer traço distintivo da produção estrangeira. Rui Reininho reconhece que “há novas bandas fantásticas, com sonoridades excelentes” mas que esbarram num certo “snobismo de tentar parecer estrangeiro. E se repararmos nos grandes êxitos nacionais, como a Mariza ou os Deolinda, que também se tornaram minimamente internacionais, percebemos que não precisaram de imitar ninguém para crescerem fora de Portugal”.

Depois, há os que passam a vida nos ecrãs do entretenimento televisivo. “São os artistas pimba, muito simpáticos com as suas bailarinas, que macaqueiam música em playback e preenchem horas e horas de tempo de antena sem nenhum critério”, considera.

Inconformado, o vocalista dos GNR acredita que se mais oferta cultural houvesse, mais público a consumiria. “Há quantos anos é que já não vemos na RTP 2 um concerto de jazz, ou uma ópera ou uma boa peça de teatro? Parece que isso já não faz parte do universo das pessoas porque acredita-se que o que o povo não quer isso. E não é verdade!”