“Jovens são os que têm menos preconceitos”

Para o bispo de Lamego a Declaração de Reconhecimento Mútuo, que vai ser assinada este sábado, é um “acontecimento notável” que “significa que há um caminho feito, de encontros sucessivos, de bom entendimento, de profunda amizade”.

Um caminho em que os jovens das várias igrejas têm sido muito importantes: “A juventude é a que tem menos preconceitos e é aquela que vai mais à frente”. D. António Couto lembra o último Fórum Ecuménico Jovem, que decorreu na sua diocese: “foi um acontecimento de grande proximidade, e viu-se que a juventude puxa para a unidade".

A Declaração que vai ser assinada este sábado torna obrigatório o reconhecimento do baptismo pelas várias igrejas, o que não acontecia até agora: "Podia ser reconhecido, e já o era, mas não oficialmente. Nenhuma Igreja era obrigada a reconhecer o da outra. Agora, mediante este acordo fica claro, tácito, que alguém baptizado numa igreja não precisa de ser baptizado outra vez”, explica.

D. António Couto diz que “grande parte dos países europeus já tem estes acordos realizados, com maior ou menor amplitude. Em Portugal terá a visibilidade que é possível, com as igrejas possíveis, mas se amanhã outras quiserem aderir, obviamente que podem fazê-lo".

E depois do baptismo podem seguir-se outros acordos? O bispo acredita que sim, embora haja matérias, como a da comunhão, que vão demorar mais a resolver: “há questões em aberto, e essas vão demorar mais algum tempo. Têm de ser objecto de mais estudo, mais trabalho, mais aproximação, mais caminhos. Há mais caminhos a fazer, por isso, com este acordo nós não chegamos ao fim de nada. Este acordo vai exigir de nós mais visibilidade, amizade, mais proximidade. E quem sabe a seguir podem vir outros [acordos]".

A Declaração de Reconhecimento Mútuo do Baptismo vai ser assinada por representantes da Igreja Católica, Lusitana, Presbiteriana, Metodista e Ortodoxa em Portugal durante a cerimónia ecuménica nacional que vai decorrer na catedral Lusitana de S. Paulo, às Janelas Verdes, em Lisboa.

D. António Couto diz que está “feliz por termos conseguido este acordo e estarmos unidos neste dia 25, que é o dia de S. Paulo, o homem que lutou e deu a vida pela unidade da Igreja".