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Christie's marca novo leilão das obras de Miró para Junho

20 fev, 2014

As 84 pinturas e uma escultura estão avaliadas em quase 37 milhões de euros. O primeiro leilão esteve marcado para 4 de Fevereiro, em Londres.

Christie
As 85 obras do artista catalão Joan Miró que pertenciam ao banco BPN, entretanto nacionalizado, voltam a leilão em Junho em Londres, anunciou a Christie's.

"Temos o prazer de poder confirmar que vamos oferecer a colecção de Miró em leilão em Junho. Mais detalhes serão anunciados em devida altura", indicou uma porta-voz da leiloeira, não adiantando informação sobre o paradeiro actual das 84 pinturas e e uma escultura.

A declaração da leiloeira foi feita depois o presidente do conselho de administração da Parvalorem, Francisco Nogueira Leite, ter afirmando quarta-feira perante os deputados da Comissão Parlamentar de Educação, Ciência e Cultura que seria marcado um novo leilão "assim que houver condições económicas para o fazer".

O responsável garantiu ainda na mesma altura que "as obras voltarão a Portugal até ao final de Fevereiro, sem custos para os contribuintes".

As 85 obras de Joan Miró estavam para ser vendidas a 4 de Fevereiro, em Londres, segundo um contrato estabelecido com a leiloaria Christie´s, que acabou por cancelar a venda quando surgiram dúvidas relativamente à legalidade da sua saída de Portugal.

"As incertezas jurídicas criadas pela disputa em curso" nos tribunais portugueses "significam que não podemos oferecer as obras para venda de forma segura", justificou e leiloeira na altura.

A Parvalorem, a Parups e a Parparticipadas são as empresas criadas pelo Estado para a recuperação de créditos do antigo Banco Português de Negócios (BPN), nacionalizado em 2008.

A audição do presidente do conselho de administração da Parvalorem aconteceu numa altura em que o Tribunal Administrativo de Círculo de Lisboa está a avaliar uma providência cautelar interposta pelo Ministério Público (MP) para suspensão das deliberações e actos referentes à alienação das obras de Miró. Trata-se da segunda providência cautelar sobre este caso, depois de o MP ter interposto outra providência cautelar, que foi indeferida pelo mesmo tribunal, pedindo a suspensão da venda do acervo de obras que eram do BPN.

Os passos de Miró
Em 2006, o Banco Português de Negócios comprou a um coleccionador japonês o lote de 85 obras - pinturas, desenhos em papel e esculturas - do pintor catalão Joan Miró. Dois anos depois, em 2008, aquando da nacionalização do banco liderado por Oliveira e Costa, a colecção foi para o Estado português, mais concretamente para a Parvalorem, sociedade criada para gerir os activos do banco nacionalizado. As obras ficaram guardadas nos cofres da Caixa Geral de Depósitos.

Logo em 2012, numa audiência na comissão de inquérito parlamentar à nacionalização do BPN, a então secretária de Estado do Tesouro e actual ministra das Finanças, Maria Luís Albuquerque, tinha dito que iria consultar leiloeiras internacionais para vender as obras em leilão público.

Em Dezembro de 2013, a Parvalorem tinha avançado à agência Lusa que a Christie’s tinha vencido o concurso internacional para realizar o leilão da colecção. No dia 20 de Dezembro, a leiloeira britânica anunciou, em comunicado, que a colecção do pintor ia a leilão nos dias 4 e 5 de Fevereiro.