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Ferroviários desmobilizam no Entroncamento, com promessa de novos protestos

05 mar, 2013 • Celso Paiva Sol

Manifestação durou três horas e imobilizou cerca de duas dezenas de comboios na principal linha do país. Também na Estação do Pinhal Novo decorreu uma iniciativa semelhante.

Ferroviários desmobilizam no Entroncamento, com promessa de novos protestos
Em defesa de passes sociais para os trabalhadores e respectivas famílias algumas dezenas de funcionários da CP cortaram, esta tarde, as Linhas do Norte e do Sado, mais concretamente nas estações do Entroncamento e do Pinhal Novo. 

No Entroncamento, os manifestantes iniciaram o protesto às 16h14 e desocuparam a estação pouco depois das 19h00. O corte da Linha do Norte não foi permanente, mas acabou por condicionar fortemente a circulação de comboios.

Dezenas de funcionários da CP ocuparam momentaneamente durante quase três horas a principal linha do país, impedindo a passagem de comboios, sobretudo os Intercidades e Alfas. A PSP esteve no local apenas a tentar, pelo diálogo, convencer os manifestantes a abandonarem o protesto.

O protesto imobilizou cerca de duas dezenas de comboios de passageiros e mercadorias, numa acção concertada entre o Sindicato dos Trabalhadores Ferroviários e a Comissão Central de Reformados Ferroviários, ambos afectos à CGTP Intersindical.

Os manifestantes desmobilizaram pelas 19h00, mas disseram que não aceitam a proposta da administração da CP de fazer um desconto de 25% nos bilhetes para funcionários e reformados.

O coordenador da União de Sindicatos do Distrito de Santarém, Rui Aldeano, diz que a ação de luta visava a manutenção "na íntegra" dos direitos de passe gratuito adquiridos pelos ferroviários no ativo, pelos reformados e pelos seus familiares e a defesa da reposição das verbas cortadas em pensões e subsídios no sector.

"Apesar da chuva, estiveram hoje aqui cerca de 600 ferroviários que, com os seus familiares, quiseram mostrar a sua vontade em lutar pela defesa dos seus direitos e dizer 'basta' a uma política de um Governo que os quer espoliar de uma regalia conquistada há muitos anos e à custa de baixos salários", notou.

David Ribeiro, membro da Comissão Central de Reformados Ferroviários, afirmou que a manifestação de hoje resulta da "não evolução" das negociações com o conselho de administração da CP - Comboios de Portugal, afirmando que a proposta de desconto de 25% nos bilhetes "é um assalto" aos direitos adquiridos.
 
"Serão muitos os milhares de ferroviários que o Governo pretende espoliar, mas também serão muitos os milhares que virão para a rua dizer que não aceitam este assalto a direitos e regalias conquistadas há mais de 100 anos pelos trabalhadores", frisou.

João Azevedo, da secção do Sindicato dos Ferroviários do Entroncamento, recolheu assinaturas para uma petição que circula pelos trabalhadores do sector reclamando por uma "reposição do direito ao transporte" dos trabalhadores das empresas públicas de transportes.

"O que nos propõem é inaceitável e inegociável", disse João Azevedo, notando que as acções de protesto "vão continuar, contra as medidas de redução de salários e pensões, destruição da contratação coletiva e a retirada de direitos.

Já no caso da Estação do Pinhal Novo, que faz a ligação entre a Linha do Sado e o Eixo ferroviário Norte-Sul, a circulação esteve interrompida entre as 15h30 e as 14h30.

No local estiveram cerca de 100 manifestantes, que abandonaram o protesto sem que fosse necessária a intervenção dos militares da GNR.

A CGTP-Intersindical e a comissão central dos trabalhadores ferroviários são as responsáveis por estas acções que visam a defesa do passe para os trabalhadores ferroviários e para as suas famílias.

[notícia actualizada às 20h19]