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Ulrich "perplexo" com declarações de Passos sobre financiamento às empresas

16 abr, 2013

Na mesma conferência em Aveiro, o socialista Jorge Coelho defendeu que a primeira coisa que o Estado em Portugal deve fazer para animar a economia é “pagar o que deve”.

O presidente do BPI, Fernando Ulrich, diz-se perplexo com declarações do primeiro-ministro sobre o financiamento da banca às empresas. Pedro Passos Coelho garantiu, no último sábado, que o Estado vai fazer tudo para que a banca reanime o crédito à economia, recordando o apoio à recapitalização de alguns bancos e os meios disponibilizados à Caixa Geral de Depósitos (CGD).

Num encontro sobre exportações, a decorrer em Aveiro, o presidente do BPI estranha as palavras do primeiro-ministro e receia que o Governo não esteja a perceber bem a natureza dos problemas.

"Fiquei perplexo, porque se o tema é tão importante para o primeiro-ministro dizer isso, é estranho que não tenha conversado connosco" disse Fernando Ulrich. O banqueiro lamentou que o Governo, "possivelmente por causa das difíceis negociações com a 'troika', tenha cada vez menos tempo para falar com a oposição e com os parceiros sociais, porque faz falta a possibilidade de trocar opiniões construtivas" sobre os problemas.

A referência explícita à Caixa Geral de Depósitos também desagradou ao presidente executivo do BPI: "Não gosto desse tipo de actuação, mesmo que seja a CGD, e não é assim que se deve fazer o tratamento da questão".

Já o socialista Jorge Coelho, antigo administrador da construtora Mota Engil, acusou Passos Coelho de ser uma espécie de “presidente da comissão de crédito” da Caixa Geral de Depósitos, e deu uma pista daquilo que, em seu entender, o Estado deveria fazer para animar a economia.

“Pagar o que deve, é a primeira coisa que o Estado em Portugal deve fazer, e um Estado tem que ser uma pessoa de bem”, afirma.

“Em segundo lugar, há aqui um problema na discussão do memorando da ‘troika’: os valores acordados, não foram bem acordados. Falta lá uma componente de perto de 20 mil milhões de euros de financiamento às empresas de transportes”, começa por dizer.

“Está a banca a substituir o Estado, e está a banca comercial, com o dinheiro que poderia utilizar no financiamento da economia, a aguentar quase 20 mil milhões de euros de dívida das empresas”, critica ainda Jorge Coelho.