João Ferreira do Amaral

PAG1 Sério risco

16 mai, 2014

No prazo de duas décadas, e a olhar para a experiência dos últimos trinta anos, será altamente provável a ocorrência de pelo menos duas crises financeiras internacionais de dimensão grave.

Quando se pensa um pouco a médio ou longo prazo, não podemos deixar de nos impressionar com o risco que a União Europeia e em particular a zona euro corre.

Uma parte importante dos países da zona euro está, como se sabe, a praticar políticas de austeridade que provocam e mantêm altos níveis de desemprego e fortes quebras dos rendimentos reais disponíveis das famílias. Estas, em boa parte dos países, ainda por cima, altamente endividadas. Ou seja, são políticas já de si difíceis de suportar  e que não deixam margem para novos aprofundamentos da austeridade.

Mas, por outro lado, são políticas muito pouco eficazes para reequilibrar as economias, seja do ponto de vista da dívida pública seja também, para alguns estados, da dívida geral do país. E por isso, devido a essa ineficácia, se fala de prolongar a austeridade por mais duas décadas.

O problema é que, no prazo de duas décadas e a olhar para a experiência dos últimos trinta anos, será altamente provável a ocorrência de pelo menos duas crises financeiras internacionais de dimensão grave. Claro que podemos ter sorte e nada disso acontecer. Mas as probabilidades vão em sentido contrário. O mesmo sucede com as zonas sísmicas. Sabemos que é altamente provável que uma zona sísmica registe sismos de intensidade elevada. Mas não sabemos quando ocorrerão nem a sua verdadeira intensidade.

Ora, se nos próximos anos ocorrer uma crise financeira mundial de alguma intensidade, a zona euro não resistirá se mantiver como resposta as políticas que tem seguido para combater(?) a presente crise. E portanto a questão é simples: ou a zona euro inventa formas mais rápidas e aceitáveis de sair da crise ou corre um sério risco de  implodir quando uma nova crise surgir.