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Presidente recusa demitir o Governo. Seria "muito pior"

10 jun, 2013

Para Cavaco Silva, “as bombas atómicas raramente se utilizam". O Presidente considera ainda que "não há desestruturação social no nosso país" e que se "nota um grande sentido de responsabilidade do povo português".

Presidente recusa demitir o Governo. Seria "muito pior"

Uma crise política nesta altura só deixaria os portugueses numa “situação muito pior”, adverte o Presidente da República, em entrevista à RTP. O chefe de Estado considera que não há motivos para dissolver a Assembleia da República e fazer cair o Governo de coligação PSD/CDS.

“Juntando a informação que recebo de outras entidades internacionais, se nós tivemos uma crise política em Portugal, na situação em que nos encontramos, os portugueses ficariam numa situação muito pior”, afirma Cavaco Silva, acrescentando que a "bomba atómica" só deve ser utilizada em "condições muito especiais".

O Presidente da República argumenta que, apesar da austeridade, do desemprego e das famílias em risco de pobreza, o país tem conseguido manter a coesão nacional.

Emigração jovem "não é um fenómeno português"
Questionado com o aumento da emigração entre os jovens por causa da crise, Cavaco Silva respondeu que esse “não é um fenómeno português". "Muitos jovens estão a sair da Irlanda e de Espanha. Neste momento, a juventude movimenta-se com uma grande facilidade. Aliás, diz-se que uma união monetário como a que vivemos só funciona quando existe uma perfeita mobilidade dos factores humanos", argumentou.

Sobre as críticas ao seu mandato, Cavaco Silva responde que o "Presidente da República, na presente situação, deve actuar com muita ponderação e bom-senso". Por outro lado, reafirma que o Presidente não governa nem é corresponsável pelas políticas do Governo.

Se Portugal tiver que  renegociar a dívida, adverte, "é porque as coisas correram mal ao nosso país". "Então, não tenho dúvidas de que passaremos dias piores do que aqueles que estamos a passar neste momento”, frisa.

E Portugal está melhor ou pior do que há dois anos? “De acordo com os nossos credores, que nos observam cuidadosamente, a dívida de Portugal é sustentável, o que significa que eles estão convencidos que Portugal conseguirá no futuro gerar produção para pagar os juros e para reembolsar os empréstimos. Quem seria eu para dizer o contrário dos nossos credores”, responde Cavaco Silva.

Nesta entrevista à RTP, o Presidente da República disse ainda que Portugal tem sido vítima da "crise europeia", que trouxe a recessão a países prósperos com Holanda.


Críticas à comunicação social
Cavaco Silva garantiu que o que se  tem dito e escrito sobre o último Conselho de Estado não corresponde à verdade.

"Tudo o que se diga em Conselho de Estado fica gravado. As gravações agora são secretas, mas um dia poderão ser reveladas e nesse dia, se alguém fizer a comparação entre o que está gravado e o que foi escrito, terá uma grande surpresa", garantiu.