PSD e CDS dão início às negociações para o novo Governo

Os líderes do PSD e do CDS têm hoje a primeira reunião formal de negociações tendo em vista um Governo de coligação. Depois do almoço de ontem, Pedro Passos Coelho e Paulo Portas lideram hoje as respectivas equipas, que se reúnem na sede social-democrata, em Lisboa, para tentar conciliar ideias e medidas. Mas há matérias que não são consensuais.

O número de ministros é um dos pontos que divide os dois partidos, mas vários pontos dos respectivos programas eleitorais afastam PSD e CDS. E é por aí que as negociações entre Paulo Portas e Pedro Passos Coelho começam: pela tentativa de juntar num programa de Governo comum dois programas eleitorais com vários pontos em comum, mas também com algumas diferenças.

Em campanha, Paulo Portas proclamou que o seu partido seria a garantia contra os excessos liberais do PSD e quer mostrar isso mesmo na mesa de negociações. Na saúde, o PSD vai mais longe que o CDS na abertura dos cuidados primários a privados e nas alterações nos pagamentos.

Na Segurança Social, o líder centrista prometeu aumentos ao nível da inflação para as pensões mínimas e, na educação, Portas assumiu compromissos eleitorais, nomeadamente, na defesa das escolas com contrato de associação, que o PSD não subscreve.

Mas um dos pontos mais difíceis de conciliar entre os dois partidos será a descida da Taxa Social Única e a forma de a compensar em termos de receitas do Estado. Paulo Portas tem reservas quanto a uma descida de quatro pontos percentuais como a que o PSD prevê no seu programa e rejeita o aumento de impostos para compensar esta medida.

Mas também na reforma do Estado há divisões: o CDS é contra a diminuição do número de deputados que o PSD há muito defende e contra a revisão do sistema eleitoral. E, claro, contra a ideia de um Governo só com dez ministros – uma controvérsia em que o CDS acredita contar com o apoio do Presidente da República, Cavaco Silva, que terá mesmo abordado a orgânica do Governo na reunião de segunda-feira com Pedro Passos Coelho.

Ontem à noite, no Facebook, Portas escreveu que a negociação que hoje começa não pode ser demorada e nem ter demasiada controvérsia ou exposição pública.