Ucrânia acredita numa resolução pacífica da crise com a Rússia

06 mar, 2014 • Daniel Rosário, em Bruxelas

Apesar do tom conciliador, primeiro-ministro deixou claro que se a intervenção militar russa for além da Crimeia, o exército da Ucrânia responderá.

Ucrânia acredita numa resolução pacífica da crise com a Rússia

A Ucrânia acredita numa resolução pacífica da actual crise com a Rússia, mas diz-se pronta para responder militarmente caso Moscovo prossiga o que Kiev classifica de "agressão".

Numa conferência de imprensa em Bruxelas, esta quinta-feira, no final de uma reunião com os líderes dos 28 países da União Europeia, o primeiro-ministro ucraniano dirigiu um apelo à Rússia para o início de negociações directas para resolver a actual crise.

Arseniy Yatseniuk pediu a Moscovo para não apoiar o governo da Crimeia e o anunciado referendo sobre o destino desta região.

Apesar do tom conciliador, contudo, o governante ucraniano deixou claro que se a intervenção militar russa for além da Crimeia, o exército do seu país responderá.

"Fomos provocados várias vezes para usar a força, mas evitámos fazê-lo uma vez que era claro que esse era o cenário desenhado pelos russos. Ainda acreditamos numa resolução pacífica da crise. Mas em caso de escalada e de intervenção militar das forças estrangeiras no território ucraniano, o governo e as forças militares ucranianas actuarão de acordo com a Constituição e leis. Estamos prontos para defender o nosso país", disse o chefe do governo ucraniano.

Yatseniuk informou ainda que o seu país está disponível para assinar o Acordo de Associação com a União Europeia logo que possível, enquanto os europeus parecem querer esperar pelas eleições de Maio.

Os 28 prosseguem agora a reunião entre si. Em cima da mesa está a eventual imposição e sanções à Rússia.

Tensão na Crimeia
A actual situação na Ucrânia resulta directamente da deposição do Governo de Yanukovich pelos manifestantes pró-europeus na Praça da Independência, em Kiev, em Janeiro. A situação deixou desconfortáveis grandes partes da Ucrânia oriental, que se sentem mais próximas da Rússia ou que, nalguns casos, são habitadas em maioria por pessoas de etnia russa.

A Crimeia é um exemplo. A esmagadora maioria da população da península autónoma é de etnia russa e, poucos dias depois da queda do Governo de Kiev, manifestantes pró-russos tomaram a sede do Governo regional, expulsaram os deputados pró-ucranianos e fizeram eleger um novo primeiro-ministro da região. Sergei Aksenov pediu imediatamente apoio a Vladimir Putin, ordenando também todas as forças ucranianas no território a obedecer-lhe directamente a ele e não a Kiev.

A 28 de Fevereiro, militares não-identificados começaram a tomar conta da maioria dos pontos estratégicos da região. As tropas, claramente russas, cercaram também as bases militares ucranianas, exigindo a sua rendição, o que não se consumou. Essas bases continuam cercadas, mas, apesar de alguns momentos de tensão, não tem havido troca de tiros.

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