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PCP considera que medidas do Governo fazem "cócegas" ao capital

12 set, 2012

Jerónimo de Sousa alerta que mexidas nos escalões de IRS podem "rapar mais nos salários" dos trabalhadores.

PCP considera que medidas do Governo fazem "cócegas" ao capital

O secretário-geral comunista alerta que a redução dos escalões do IRS pode vir a "rapar" mais salários e defende que as medidas anunciadas para o capital são "cócegas" quando comparadas com as aplicadas aos trabalhadores. 
 
"Eu diria que, passo a expressão, faz umas cócegas, aplica uns trocos de tributação ao capital, comparado com aquilo que estão e querem roubar aos trabalhadores, seja da administração pública seja do sector privado", afirmou Jerónimo de Sousa, à agência Lusa. 
 
O líder comunista reagia às medidas anunciadas pelo ministro das Finanças, Vítor Gaspar, considerando que "em relação ao défice há uma pequena flexibilidade de prazos, em relação ao capital, às grandes fortunas, há uma ausência de taxação fundamentalmente dos lucros do capital, aos grandes grupos económicos".
 
"Na declaração do ministro, há um elemento fundamental que demonstra e caracteriza bem os objectivos deste Governo, que são as alterações e redução dos escalões do IRS, em termos dos pagamentos médios", defendeu.
 
Jerónimo de Sousa disse querer "alertar os portugueses, particularmente os trabalhadores, para esta redução dos escalões", avançando a hipótese de o Governo poder vir a "rapar mais nos salários, seja dos trabalhadores da administração pública, seja nos trabalhadores do sector privado". 
 
 "A ver vamos, mas há claramente o indício. Não vão ficar por aqui em relação ao que Passos Coelho anunciou e esta questão da alteração dos escalões do IRS vai ser mais um golpe profundo nos salários dos trabalhadores portugueses", afirmou. 
 
O secretário-geral comunista falava à saída de uma reunião com a Frente Comum dos Sindicatos da Administração Pública.
 
Já o líder parlamentar do PCP, Bernardino Soares, afirmou aos jornalistas na Assembleia da República que "esta política tem que ser travada". 
 
"O povo português tem que pôr fim a este percurso de afundamento constante do nosso país, que não pode ficar sem uma resposta fortíssima de todos os portugueses", declarou. 
 
Bernardino Soares argumentou que "a baixa da taxa social única para as empresas significa que mais de dois mil milhões de euros vão ser retirados dos salários dos trabalhadores e vão ser entregues às empresas e sobretudo às grandes empresas". 
 
"Dados hoje divulgados revelam que 35% da taxa social única que se vai cobrar vai ser entregues às grandes empresas, vão ficar com a fatia de leão da TSU. Isto não vai criar nenhum emprego, vai é engordar os lucros daquelas empresas que, na maioria dos casos, já estão sedeadas no estrangeiro para nem sequer pagarem os impostos que deviam pagar sobre os seus lucros", afirmou.