Identificados 542 idosos em risco na cidade de Lisboa

30 out, 2012

Dados constam do relatório preliminar do programa Inter-Gerações, da Santa Casa, que durante três meses andou de porta em porta a fazer um levantamento dos casos de risco.

A Santa Casa da Misericórdia de Lisboa (SCML) detectou 542 situações na cidade de idosos sozinhos a necessitar de intervenção urgente.

Os dados constam do relatório preliminar do programa Inter-Gerações, que durante três meses andou de porta em porta a fazer um levantamento dos casos de risco.

Com o objectivo de prevenir situações de isolamento e "estimular a participação activa" das pessoas, o programa iniciou-se com entrevistas e identificação de idosos nas diversas freguesias da capital. 

A freguesia com mais situações de risco de idosos assinaladas pela Santa Casa da Misericórdia de Lisboa é Santa Maria dos Olivais, com 77 casos, seguida de São João, com 39, Marvila, com 29 e Santa Engrácia, com 24. 
 
A Santa Casa garante haver pessoas que "nunca antes haviam sido sinalizadas ou referenciadas". 
 
"Nunca foram a lado nenhum, nunca pediram nada a ninguém. Alguns são os 'novos pobres velhos' que aparecem à janela como sempre, com a postura de outros tempos, sem que se perceba que, dentro de portas, tudo se alterou para pior", lê-se na introdução assinada pelo coordenador, João Marrana.
 
As equipas concluíram que quem realmente precisa tem "mais dificuldade e vergonha de o admitir e mais dificilmente procura apoio" e situações de idosos sem saírem de casa há mais de sete anos. 
 
Falta de respostas sociais formais, idosos a passar fome, necessidade de ajuda directa nas tarefas básicas e sintomas depressivos são outras das situações sinalizadas. 
 
As situações mais graves foram encaminhadas para a acção social da SCML para "intervenção urgente", mas na instituição acredita-se que há outras "também preocupantes que carecem da mesma atenção e respostas". 
 
A determinada altura, o programa definiu como meta 21 mil inquéritos, mas que acabou nos 22.827 questionários validados pela SCML, em parceria com juntas de freguesia e várias associações.  
 
No total, foram 33.774 contactos feitos, mas houve casos em que as pessoas não abriram a porta, não forneceram dados e outras situações. 
 
As sinalizações mais frequentes (135) dizem respeito a necessidades de refeições, higiene pessoal ou apoio domiciliário, seguindo-se situações de isolamento (82), de saúde (81) e condições de habitação/segurança precárias (67).