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Europa cristã num "ponto de viragem"

11 mar, 2013 • Filipe d’Avillez

Igrejas vazias ou a fechar, poucas vocações, leis cada vez mais hostis ao Cristianismo. Esta é a realidade do Catolicismo na Europa, mas há também sinais de esperança.  

Europa cristã num "ponto de viragem"
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Itália, França, Polónia e Espanha. São estes os países europeus na lista dos dez Estados com maior número de católicos no mundo.

Há 100 anos, a situação era bem diferente. França aparecia em primeiro lugar, em vez de em sétimo, e eram seis os países do Velho Continente que constavam da lista.

A situação da República Checa, que em 1910 era o 10º país do mundo com mais católicos, é paradigmática do que aconteceu à Igreja na Europa. Hoje, os checos são um dos povos menos religiosos do mundo, com apenas 10% a afirmarem-se católicos.

Não é por acaso que se fala de crise na Igreja Europeia e que a aposta na reevangelização da Europa tenha sido uma prioridade de Bento XVI. Apesar de algumas bolsas de resistência, o catolicismo na Europa caracteriza-se pelo esvaziamento ou encerramento de igrejas, mosteiros e seminários, bem como uma avalanche de leis contrárias às posições cristãs no campo da ética e da moral. 

Apesar da realidade que os números evidenciam relativamente à República Checa, há situações diferentes noutros países do ex-bloco de Leste, onde a fé regenerou e, incluindo no campo político, a Igreja marca uma presença vigorosa e influente.

Por outro lado, na Europa ocidental há sinais de paróquias e dioceses a rejuvenescer, como explica Monsenhor Duarte da Cunha, secretário do Conselho das Conferências Episcopais Europeias, com sede na Suíça.

"Tenho a certeza de que a Igreja será uma presença daqui a 10 ou 20 anos se núcleos duros de pessoas convictas mantiverem fortes a sua fé - a individual, mas também a comunitária e cultural. Podemos não ser grupos maioritários, não ter uma influência enorme, mas à imagem dos primeiros tempos da Igreja poderemos dar mais aquela alma, espiritualidade e seriedade que o mundo decadente vai procurar", sustenta o padre Duarte.

Dos dois terços da população católica mundial em 1910, os católicos europeus representam agora 24% do total a nível mundial. Olhando para o colégio dos cardeais, ninguém o diria. A maioria dos cardeais continua a ser europeu, com destaque para Itália, com 28 eleitores.

Não é de estranhar, portanto, que cada vez mais se fale na importância de se eleger um Papa de fora da Europa, algo que não seria inédito, mas que não acontece há muitos séculos.