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"Políticas de austeridade não favorecem os mais frágeis"

07 mai, 2013 • Rosário Silva

Arcebispo de Évora diz que os pedidos de ajuda crescem de dia para dia, mas as soluções tardam em aparecer.

Preocupado com o ambiente social da diocese, o Arcebispo de Évora considera que as políticas de austeridade não têm favorecido os mais desprotegidos. D. José Alves fala de uma realidade preocupante, dominada pela solidão de uma população cada vez mais idosa e com parcos recursos económicos.

À Renascença, admitiu que as instituições ligadas à Igreja não tem mãos a medir face ao crescente número de pedidos de ajuda. Quanto às recentes medidas anunciadas pelo primeiro-ministro, o prelado considera que “as políticas de austeridade que tem estado a ser seguidas não favorecem os mais frágeis” reconhecendo também que não sabe pronunciar-se quanto “ao modo de dar a volta à questão”.

“A política tenho que a aprender com os outros, porque não sou político, mas ainda não ouvi nenhum a dizer : ‘Eu tenho aqui a solução’”, lamenta D. José Alves.

A situação é ainda pior no interior, sobretudo, porque a solidão e o envelhecimento são características cada vez mais presentes na região. As baixas reformas dos idosos não permitem, por outro lado, que as instituições de solidariedade social angariem uma resposta mais eficiente. “Sentimos os efeitos negativos nas próprias instituições, uma vez que estas pessoas não têm uma reforma que permita contribuir com uma subvenção equilibrada em relação às despesas”, refere.

O Arcebispo de Évora falava à margem da apresentação do 47º Dia Mundial das Comunicações Sociais, celebrado a 12 de Maio, onde foi dada a conhecer a mensagem de Bento XVI para a data.

Redes sociais devem ser um instrumento de desenvolvimento humano
Para D. José Alves, “as redes sociais são bem-vindas. Permitem partilhar os conhecimentos, a vida e a fé também. Abrem a porta aos contactos directos e à vida de comunidade, pois facilitam a convocação para os eventos da comunidade. Podem fortalecer o tecido social, construir a unidade e alimentar o diálogo e o debate, concretizar ideias e aspirações”.

Contudo, deixou um alerta. “Não podemos esquecer alguns limites e perigos. Sendo de livre acesso, as redes sociais carecem de critérios valorativos. Nesse sentido, requerem algumas cautelas de discernimento, para que o sensacionalismo, a popularidade e o ruído não sufoquem a razão, que não se identifica com a força, nem com o poder, nem com o domínio da comunicação”.

“Desejável é que as redes sociais sejam usadas como instrumento de desenvolvimento humano e de promoção dos valores perenes do evangelho: a justiça, a verdade, a beleza e o bem. Que ajudem a quebrar o isolamento em que vivem mergulhados tantos seres humanos, que promovam a união entre os povos, que sirvam de veículo de transmissão de recursos intelectuais e espirituais”, concluiu D. José Alves.