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“Já não há locais seguros na Síria”

27 dez, 2013 • Filipe d’Avillez

Na sua mensagem de Natal, o Patriarca melquita da Síria faz um levantamento da situação dos cristãos naquele país e agradece o apoio do Papa Francisco.  

“Já não há locais seguros na Síria”
O líder da Igreja Melquita, com sede em Damasco, Patriarca Gregório III, chama a atenção, na sua mensagem de Natal, para o facto de ninguém na Síria estar em segurança,

“[Qualquer pessoa] poderá pensar que está em segurança, aqui ou ali, mas, a qualquer momento, pode ser morto por uma bomba, um míssil ou uma bala, para não falar no perigo de ser raptado ou assassinado. O caos ameaça todos, em todo o lugar, em todos os momentos”, diz Gregório III.

De acordo com o Patriarca,  a violência afecta toda a população, mas os cristãos sofrem de forma particular por serem “o elo mais fraco e mais frágil”.
“O futuro dos cristãos na Síria está ameaçado, não por muçulmanos, mas pela crise actual, pelo caos que desperta e a infiltração de grupos islamitas fundamentalistas, fanáticos e incontroláveis”, adverte.

O líder da Igreja Melquita, uma igreja católica de rito oriental, diz que existem no país cerca de dois mil grupos de islamitas que também atacam os cristãos.

Num balanço provisório dos danos causados à população cristã ao fim de quase três anos de conflito, o Patriarca fala de, pelo menos, mil cristãos mortos, entre militares, clero e civis, e centenas de milhares fugidos do país. Pelo menos 60 igrejas foram danificadas ou destruídas e 24 vilas ou aldeias foram “limpas” de todos os seus habitantes cristãos, incluindo a vila de Daraya, onde o Gregório III nasceu.

Recordando o ano prestes a terminar, Gregório salienta os apelos à paz feitos pelo Papa Francisco, nomeadamente, a jornada de oração e de jejum que ajudou a evitar uma intervenção internacional contra o regime de Assad.

“Fez-me lembrar a tempestade no mar da Galileia, quando Jesus veio e acalmou o temporal. Desta vez, foi o Papa Francisco que veio, rezou, jejuou e acalmou a tempestade”, escreve o Patriarca.

Os cristãos eram cerca de 10% da população da Síria antes do conflito. A maioria são fiéis da Igreja Ortodoxa, mas, entre os católicos, a Igreja Melquita é maioritária. Há ainda uma série de outras confissões.