Tempo
|

Efeméride

Um despique luso em Estocolmo

02 jul, 2012 • Tiago Moreira

A 2 de Julho de 1984, no "Meeting" de atletismo de Estocolmo, Fernando Mamede e Carlos Lopes bateram-se pelo ouro nos dez mil metros. A vitória sorriu a Mamede.

Um despique luso em Estocolmo
Um verdadeiro recordista. A 2 de Julho de 1984, Estocolmo assistiu a um despique entre dois portugueses na prova dos dez mil metros.

Fernando Mamede e Carlos Lopes batiam-se pelo primeiro lugar, que acabaria por marcar um recorde mundial. Mamede, um homem de recordes, acabaria por bater o companheiro, atingindo uma marca histórica de 27:13,81 minutos, que só foi ultrapassada em 1989, ano em que o atleta do Sporting deixou de competir.

Na Suécia, Fernando Mamede conseguiu o seu maior êxito, mas a carreira reservara muito mais a um dos maiores meio-fundistas mundiais dos anos 80.

A paixão pelo atletismo só chegou aos 18 anos, quando venceu a prova do campeonato distrital de corta-mato, em Beja. Até lá, Fernando Eugénio Pacheco Mamede, nascido em 1 de Novembro de 1951, sonhava ingressar na equipa de futebol profissional do Sporting.

22 anos de carreira, sempre ao serviço do clube do coração, deram a uma das maiores referências do atletismo nacional 20 títulos e 27 recordes em Portugal.

Venceu por seis vezes o campeonato nacional de corta-mato e oito vezes a Taça dos campeões europeus colectivamente e duas vezes individualmente. Esteve em três edições dos Jogos Olímpicos: 1972, em Munique; 1976, em Montreal e 1984, em Los Angeles.

Mamede marcou também presença no Mundial de Helsínquia, em 1983, e nos europeus de Helsínquia, em 1971, de Roma, em 1974, e de Praga, em 1978. Representou Portugal por 27 vezes.

Antes de bater o recorde dos dez mil metros, em Estocolmo, Fernando Mamede já tinha batido por duas vezes o recorde da Europa na mesma distância: em 1981, com a marca 27:27,07 minutos, em Alvalade, e um ano depois, em Paris, com 27:22,95 minutos.

Durante os anos em que conseguiu atingir recordes nas distâncias de 5 mil e 10 mil metros, Mamede foi sendo classificado pela imprensa mundial como um dos maiores atletas da época.

Estocolmo acabou por ser o ponto mais alto de uma carreira que, no entanto, não o levou à conquista de muitas medalhas. Uma barreira psicológica que nunca conseguiu ultrapassar na totalidade levava-o a falhar nos momentos decisivos, tendo conseguido apenas duas medalhas de bronze nos mundiais de corta-mato de Madrid, em 1981, e nos Estados Unidos, em 1984.

Nos Jogos Olímpicos de Los Angeles, a condição psicológica acabou por determinar um desfecho inesperado. Passando à final dos 10 mil metros em primeiro lugar, Mamede era o principal candidato à vitória, mas acabou por desistir antes do final da prova.

Ainda assim, nos meetings, Fernando Mamede era praticamente “dono” das provas. 28 anos depois do recorde de Estocolmo, o antigo atleta continua a ser uma referência nacional e mundial, com marcas que perduraram na Europa e no mundo durante anos a fio.