Emissão Renascença | Ouvir Online

Santana diz que Obama foi "sobranceiro" face à Europa. Até à crise na Ucrânia

11 abr, 2014

Ex-primeiro-ministro considera que os acontecimentos recentes obrigaram Washington a rever a estratégia. António Vitorino concorda e assinala a crise financeira como uma oportunidade perdida para refazer a política europeia de defesa. 

Santana diz que Obama foi "sobranceiro" face à Europa. Até à crise na Ucrânia
O ex-primeiro-ministro considera que os acontecimentos recentes na Ucrânia obrigaram Washington a rever a sua estratégia face à Europa. Para Santana Lopes, opções de Obama até aqui "demonstram algum esquecimento da importância das relações entre estes dois lados do Atlântico". António Vitorino concorda e assinala a crise financeira como uma oportunidade perdida para refazer uma política europeia de defesa.
A relação transatlântica passou por duas crises. A mais recente ainda se desenrola ao nosso olhar, dirigido para Kiev e para a Moscovo. Santana Lopes e António Vitorino argumentam que a Casa Branca terá sido forçada a olhar de novo para o seu lado atlântico.

O ex-primeiro-ministro critica as opções de Obama até aqui. " Olhando para os tempos mais recentes, vemos como os Estados Unidos foram de algum modo sobranceiros em relação à Europa. Houve alguma secundarização com o Presidente Obama. Era normal que olhassem mais para a Ásia do que no passado. Alguns sinais, como atrasos incompreensíveis na nomeação de representantes diplomáticos, demonstram algum esquecimento da importância das relações entre estes dois lados do Atlântico", sustenta Santana Lopes que debateu a relação transatlântica com António Vitorino no programa "Fora da Caixa" na Renascença.

A crise na Ucrânia não vai recentrar a política externa americana no Atlântico, defende o antigo ministro da defesa. "Só que a perda de peso relativo das questões europeias na estratégia americana talvez tenha sido precipitada. Há uma 'repescagem' da questão europeia nas prioridades da agenda americana. Mas a opção de dar uma prioridade maior à Ásia-Pacifico veio para ficar", argumenta António Vitorino.

Oportunidade perdida para a Europa
A crise ucraniana juntou-se à económica, marcada por apertos nas contas públicas na Europa. Para António Vitorino, a Europa ainda deve merecer a atenção dos Estados Unidos por ser ainda o terreno privilegiado do ( não) relacionamento com a Rússia. Mas a crise ucraniana coloca a nu o estado de maturação " muito longe de ser considerado auto-suficiente" de uma política externa de segurança e defesa europeia.

É aqui que entra o impacto da austeridade e dos cortes nos gastos públicos. O ex-ministro da Defesa lembra que quando há que apertar nas contas, este é o sector que vem à cabeça como exemplo. "Esta crise foi uma oportunidade perdida em matéria de defesa. Cada estado fez os cortes na defesa pelo mais óbvio. Foram cortes sem nenhuma racionalidade nem visão de conjunto ", critica o ex-comissário.

"Na realidade esta crise tinha sido uma oportunidade única para fazer uma aproximação conjunta, com partilha de meios e racionalidade na realocação das verbas disponíveis. Perdemos aqui uma oportunidade de dar um passo em frente numa política europeia de defesa mais integrada", remata Vitorino.

O programa Fora da Caixa, que pode ouvir à sexta-feira a partir das 23h00, na Edição da Noite, é uma colaboração da Renascença com a EURANET PLUS, rede europeia de rádios.