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CIP disponível para discutir aumento do salário mínimo em "base credível"

06 mar, 2013

António Saraiva diz que é preciso definir "regras para sectores que, estando mais expostos à concorrência internacional, vão ser mais afectados por esse possível aumento que possa vir a ocorrer".

O presidente da Confederação Empresarial de Portugal (CIP) "está disponível para discutir" o aumento do salário mínimo, mas "numa base credível", definindo regras que protejam os sectores mais expostos à concorrência internacional.
 
"Não faz sentido discutir o salário mínimo apenas para um ano. Estamos disponíveis para discutir, numa base credível e em que as partes se revejam, definindo regras para sectores que, estando mais expostos à concorrência internacional, vão ser mais afectados por esse possível aumento que possa vir a ocorrer", afirmou António Saraiva à entrada para a reunião da concertação social, em Lisboa. 
 
Um exemplo de sectores que devem ser protegidos apontado pelo representante da CIP foi "a confecção dentro [do sector] têxtil", com António Saraiva a considerar que essa protecção deve ser feita "ou não aumentando [o salário mínimo] nesses sectores ou encontrando formas de compensar o aumento que venham a sofrer". 
 
Para António Saraiva, este é um assunto que tem de ser discutido "em moldes correctos, em que os parceiros se revejam e com regras transparentes e mensuráveis para que os parceiros possam ir, ao longo do tempo, medindo o acordo que vierem a fazer sobre o tema". 
 
"Não faz sentido discutir o salário mínimo num período anual, faz sentido discutir o salário mínimo num período a dois anos a partir do momento em que o mesmo se inicie", acrescentou o presidente da CIP.
 
Respondendo às críticas do secretário-geral do PS, António José Seguro, o primeiro-ministro disse hoje, no debate parlamentar quinzenal, que "faz mais" pelo combate ao desemprego do que o líder socialista quando propõe "o aumento do salário mínimo nacional". 
 
A este propósito, Passos Coelho defendeu que quando um país enfrenta um nível elevado de desemprego "a medida mais sensata que se pode tomar é exactamente a oposta" e destacou que foi isso que a Irlanda fez, ou seja, baixar o salário mínimo nacional.  
 
"Foi isso que a Irlanda fez no início do seu programa mas a Irlanda tinha um nível de salário mínimo por isso, presumo eu, o governo socialista não incluiu tal cláusula no memorando de entendimento e nós não também não a quisemos adoptar", disse Passos Coelho, acusando Seguro de "aparecer ao país com demagogia" e de fazer propostas que contrariam "o sentido de responsabilidade".