Câmara de Mafra contra retirada do "Memorial do Convento" do secundário

A Câmara de Mafra opôs-se esta segunda-feira à retirada do livro “Memorial do Convento”, de José Saramago, do novo programa de Português para o ensino secundário pelo número de alunos que tem trazido a Mafra para visitar o Palácio Nacional.

"Só em 2012, mais de 64 mil alunos, provenientes de cerca de 600 escolas de norte a sul do país, visitaram o Palácio Nacional de Mafra, dos quais 26 mil assistiram, também, à peça de teatro com o mesmo nome", refere a autarquia em comunicado.

Para a câmara, a história da construção do Palácio e Convento de Mafra, no século XVIII, que serve de pano de fundo ao romance de Saramago, "exerceu um papel fundamental na valorização turístico-cultural do concelho, contagiando positivamente a economia local".

Além disso, acrescenta, foi também o motivo para o Palácio de Mafra figurar, desde 2004, "na lista indicativa de bens passíveis de classificação como Património Mundial" da Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO), a cuja classificação a autarquia e o Ministério da Cultura querem candidatar o monumento.

A autarquia recorda que o “Memorial do Convento” foi o "primeiro êxito internacional do autor" galardoado com o Prémio Nobel da Literatura em 1998, está traduzido em quase 40 línguas e é o livro com maior número de edições em Portugal (53).

O parecer da autarquia foi enviado ao Ministério da Educação, no âmbito do processo de consulta pública da proposta de programa.

Nessa proposta, o “Memorial do Convento” foi retirado das leituras do 12.º ano e substituído por outros dois romances do escritor: “O Ano da Morte de Ricardo Reis” e “História do Cerco de Lisboa”.

O período para a consulta pública das propostas de reforma dos currículos das quatro disciplinas do ensino secundário - cuja apresentação está disponível no site da Direcção-Geral de Educação - termina a 4 de Dezembro.