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Algumas curiosidades sobre a resignação de Bento XVI

20 dez, 2013 • Filipe d’Avillez

O Papa escolheu o dia mundial dos doentes para anunciar a sua resignação, precisamente por sentir que a sua saúde esse estava a fragilizar.  

Algumas curiosidades sobre a resignação de Bento XVI
Depois de ouvir o Papa a anunciar que se ia resignar, o Cardeal Sodano disse que a notícia era como um “relâmpago num céu sereno”. Horas mais tarde um fotógrafo registou a imagem de um raio a acertar num pára-raios na Santa Sé.

Bento XVI foi o sexto ou sétimo Papa a resignar – havendo dúvidas em relação aos factos históricos que rodearam o fim do pontificado de Clemente I, no primeiro século. Mas o único caso comparável ao de Bento XVI é o de Celestino V, que resignou por vontade própria e não por qualquer factor externo. Quando o Papa visitou as relíquias de Celestino V no dia 4 de Julho de 2010, deixou o seu pálio, símbolo da sua autoridade, no túmulo.

A data escolhida pelo Papa para anunciar a sua resignação, por motivos de fragilidade de saúde, foi 11 de Fevereiro, dia de Nossa Senhora de Lourdes e dia Mundial do Doente.

Depois de resignar Bento XVI manteve o seu título, passando a ser conhecido como Papa Emérito, e manteve também as suas vestes brancas, mas foi logo anunciado que não iria voltar a ser cardeal, pelo que não participaria nos consistórios que se viessem a convocar.

No dia 23 de Março o Papa Francisco foi a Castel Gandolfo visitar Bento XVI. Foi a primeira vez que o mundo pôde ver dois papas da Igreja Católica reunidos.

A partir do dia 2 de Maio de 2013 Bento XVI regressou a Roma, passando a viver quase paredes meias com o Papa em exercício, algo que também nunca tinha acontecido da história da Igreja. Mais uma vez o mundo pôde ver dois papas juntos, uma vez que Francisco foi receber Bento XVI quando este chegou ao mosteiro onde foi viver.

A cena invulgar repetiu-se algumas vezes, mas muitos outros terão sido os encontros privados entre os dois papas. Para a história fica o episódio em que o Papa Francisco, tendo desaparecido inesperadamente do refeitório da Casa de Santa Marta, durante o pequeno-almoço, foi encontrado a caminho da residência de Bento XVI com um saco cheio de croissants para dar ao seu antecessor: “acabadinhos de fazer, como ele gosta”.

Apesar de ser frequentemente caracterizado em oposição a Bento XVI, o Papa Francisco nunca contribuiu com qualquer palavra para essa ideia, fazendo sempre questão de elogiar o Papa emérito e citando-o profusamente nos seus documentos, para mostrar mais claramente a continuidade de pensamento entre os dois.