12 jan, 2013 • Paula Costa Dias
A emigração é uma característica de Portugal e pode não ser um mal mas uma oportunidade, afirma a chefe de gabinete do secretário de Estado das Comunidades Portuguesas no encontro de agentes sócio-pastorais das migrações, que decorre em Fátima.
Manuela Bairos lembrou a tradição portuguesa de procurar novos caminhos e que justifica a ocupação da 21ª posição da tabela da OCDE dos países que têm mão de obra qualificada a emigrar.
Embora para alguns, a emigração continue a representar sofrimento, para os jovens qualificados esta pode ser uma oportunidade. Manuela Bairos lembra que actualmente não é tão dramático emigrar como há décadas já que, principalmente na União Europeia, os países respeitam os direitos dos emigrantes e programas como o "Erasmus" estimulam a mobilidade dos jovens.
“Em reduzidos números, não é grave. Se tivermos 100 pessoas a saírem por ano não é grave. Realmente, se saírem em massa, aí acaba por esses sectores mais dinâmicos da economia ficarem desguarnecidos em Portugal. Claro que nós hoje temos muita gente qualificada a emigrar, porque nós temos mais gente qualificada hoje em dia do que tínhamos há 30 anos”, afirma Manuela Bairos.
Salientando que a chamada “fuga de cérebros” não é de agora, a chefe de gabinete do secretário de Estado das Comunidades Portuguesas lembrou a responsabilidade dos jovens licenciados na criação de emprego e defendeu a aposta na revitalização dos sectores tradicionais.
“São estas pessoas que têm a obrigação de criar uma nova atitude e de, ao acabarem o curso, fazerem um esforço para criarem emprego para os outros que não estudaram. As pessoas têm de aprender a trabalhar em conjunto, têm que aprender que o Estado não tem emprego para todos. Acho que temos de voltar a coisas reais, voltar à natureza, à agricultura, às pescas, e fazer com que as pessoas tenham gosto por esses sectores.”
Manuela Bairos defendeu ainda a importância da promoção de iniciativas com os emigrantes portugueses para a preservação da sua identidade cultural.