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Austrália pede desculpa a sobreviventes de "talidomida", medicamento receitado há mais de 60 anos

29 nov, 2023 - 07:35 • Lusa

Existem atualmente 146 vítimas da talidomida registadas na Austrália, embora o número real seja desconhecido, e várias delas deslocaram-se ao parlamento para acompanhar o pedido de desculpas público.

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O primeiro-ministro da Austrália, Anthony Albanese, pediu, esta quarta-feira, publicamente desculpas aos sobreviventes da talidomida, um medicamento amplamente receitado há mais de 60 anos que causava malformações fetais.

Numa cerimónia parlamentar em Camberra, Albanese apresentou um pedido de desculpas a vários sobreviventes, no 62.º aniversário da retirada da venda do medicamento no país, que deixou um rasto de "trauma, tristeza e danos", segundo o primeiro-ministro.

"Hoje, em nome do povo da Austrália, o nosso Governo e este parlamento apresentam um pedido de desculpas completo, sem reservas e há muito esperado a todos os sobreviventes da talidomida, às famílias, entes queridos e prestadores de cuidados", disse Albanese.

"Este pedido de desculpas abrange um dos capítulos mais negros da história da medicina australiana", quando "as mulheres grávidas, sem culpa, foram expostas a um medicamento com efeitos devastadores e aperceberam-se demasiado tarde", afirmou durante o evento, transmitido pela estação pública ABC.

"Aos sobreviventes: pedimos desculpa pela dor que a talidomida infligiu a cada um de vós, todos os dias", disse Albanese.

A talidomida, um medicamento fabricado pela farmacêutica alemã Grünenthal GmbH e comercializado nos anos 50 e 60 para as náuseas no início da gravidez, causou milhares de casos de malformações fetais em diferentes países.

"A tragédia da talidomida constitui uma lição poderosa sobre a necessidade de estarmos vigilantes na proteção da saúde das pessoas", afirmou o ministro da Saúde australiano, Mark Butler.

O Governo anunciou também a reabertura do Programa Australiano de Apoio aos Sobreviventes da Talidomida, um pacote de ajuda vitalícia que inclui um pagamento único em reconhecimento da dor e do sofrimento das vítimas, bem como pagamentos anuais contínuos.

O ministro da Saúde vai também inaugurar na quinta-feira um memorial nacional aos sobreviventes e famílias, nas margens do lago Burley Griffin, em Camberra.

Há uma década, uma ação coletiva intentada por sobreviventes da talidomida na Austrália e na Nova Zelândia foi resolvida com o pagamento de uma indemnização por parte dos distribuidores do medicamento.

A principal malformação detetada era a focomelia, uma anomalia congénita caracterizada pela ausência ou tamanho reduzido dos membros.

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