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"Cobardia" e "oportunismo". 25 de Novembro motiva aceso debate no Parlamento

11 out, 2023 - 18:05 • Manuela Pires

O programa oficial das comemorações dos 50 anos do 25 de Abril não inclui o 25 de Novembro. Augusto Santos Silva garante que nenhum partido se opôs a essa ausência quando o tema foi debatido na conferência de líderes.

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A polémica já dura há mais de uma semana com várias declarações, incluindo o líder da bancada parlamentar do PSD, Joaquim Miranda Sarmento, que acusou o presidente da Assembleia da República, Augusto Santos Silva, de ser o único responsável pela ausência do 25 de Novembro no programa oficial das comemorações dos 50 anos do 25 de Abril.

Esta quarta-feira à tarde, o tema subiu a plenário pela voz de Rui Rocha, presidente da Iniciativa Liberal (IL), que considerou a atitude do Partido Socialista e de Augusto Santos Silva uma “cobardia” e de estar a agir a reboque da esquerda “radical”.

“Podemos dizer que o presidente da Assembleia da República tinha, sobre o 25 de Novembro, certos princípios, mas que, como não agradam aos radicais de esquerda, encarregou-se de arranjar outros”, disse Rui Rocha.

O líder dos liberais acusou também o Partido Socialista de oportunismo e cobardia.

“Esta é a história que o PS e Santos Silva querem esconder ou mesmo negar (...), é altura para falar da tremenda cobardia política e do deplorável oportunismo”, acusou Rui Rocha.

Enquanto fazia a intervenção, o burburinho aumentou na sala das sessões e, da bancada do Partido Socialista, o deputado Porfírio Silva lembrou as palavras de Ramalho Eanes que disse que a data não se deve comemorar porque é fraturante.

“Sr. deputado Rui Rocha, não seria melhor refletir sobre as lições do 25 de Novembro em vez de se juntar à extrema-direita miguelista e fazer este teatro de quem não quer mesmo comemorar o 25 de Abril”, referiu Porfírio Silva.

O PCP acusa também os liberais de serem reacionários e pretenderem um ajuste de contas com o 25 de Abril.

Para além dos partidos, neste debate, o presidente da Assembleia da República quis também fazer uma intervenção para explicar que a comissão organizadora escolheu as datas “por consenso” e que na conferência de líderes, onde a decisão foi tomada, não existiu oposição de ninguém. Santos Silva disse ainda que alguém sugeriu também incluir a data da adesão de Portugal à CEE e que não teve consenso.

“A data do 25 de Novembro não consta, não por decisão minha, mas por consenso obtido na conferência de líderes. Consenso significa que nenhum grupo parlamentar se opõe”, disse Augusto Santos Silva, que até foi mais longe e revelou que ele próprio disse esperar que o PS comemore o 25 de Novembro.

“Quando discutimos na comissão organizadora, eu lembro-me de ter dito que o consenso não é possível, mas espero que o meu partido comemore o 25 de Novembro”, revelou Augusto Santos Silva.

Rui Rocha, o presidente da Iniciativa Liberal, não ficou satisfeito com esta explicação, dizendo que, se tudo fosse decidido por consenso, a fachada da Assembleia da República não estaria esta noite iluminada com as cores de Israel para condenar as vítimas israelitas do conflito com o Hamas.

“Se estivéssemos dependentes do consenso para iluminar as escadarias com as cores da bandeira de Israel, nunca o faríamos, porque o PCP e o Bloco nunca estariam disponíveis para tal”, rematou o deputado liberal.

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