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“Radar Europa” é um podcast quinzenal, da autoria de Hugo Monteiro, que, em ano de eleições europeias, procura responder à questão: o que pode fazer a União Europeia pelos europeus. Uma nova edição disponível quinzenalmente, às quartas-feiras. Esta é uma parceria Renascença/Euranet Plus.
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Como harmonizar o poder de compra dos europeus?
Ouça o novo episódio do podcast

Radar Europa

UE não está a garantir “harmonização acelerada” do poder de compra

22 mai, 2024 • Hugo Monteiro


Num episódio do podcast Radar Europa sobre o poder de compra dos europeus, o economista João Duque defende a criação de estímulos ao desenvolvimento em regiões mais desfavorecidas para atrair empresas e investidores, de forma a promover o rendimento das populações.

O professor do ISEG João Duque considera que as políticas da União Europeia com vista a uma "harmonização acelerada" dos países europeus “não têm estado a resultar da forma como seria de esperar".

Em entrevista ao podcast "Radar Europa", da Renascença e da Euranet Plus, o economista lembra que “a criação União Europeia e dos mecanismos do mercado único tinham como objetivo uma harmonização da Europa”, que não estará a acontecer, tendo em conta as atuais diferenças quanto ao poder de compra das populações dos diferentes Estados membros.

Para combater estas clivagens e para tentar garantir maior equilíbrio entre os rendimentos dos habitantes de cada um dos países, João Duque diz haver “um mecanismo óbvio, pelo que muita gente pugna, que é o da distribuição de rendimentos que são gerados numa área” que, depois, “através de mecanismos de transferências diretas entre Estados, permitem o reequilíbrio do rendimento das populações que estão nas áreas mais desprotegidas”.

No entanto, o professor do ISEG aponta um outro caminho, preferencial, que é o de “criar estímulos ao desenvolvimento económico nas áreas que têm sido menos procuradas”, através de “políticas e de projetos de financiamento que levem a localizar populações em espaços que, tipicamente, não seriam escolhidos por empresas, por empresários e por investidores internacionais”. “Isto é, em vez de transferir apenas dinheiro, opta-se por localizar atividade económica que promova, depois, o rendimento das populações”, sintetiza.

Portugal “estaria muito pior” fora da UE

Em 2022, o Instituto Nacional de Estatística colocava Portugal na 16ª posição entre os 19 países da Zona Euro, no que respeita ao poder de compra. O país descia para o 20º lugar quando comparado com os 27 países da União Europeia, abaixo de Lituânia, Espanha e Estónia, mas mesmo assim, à frente da Letónia, Eslováquia e Grécia.

Já de acordo com a OCDE, o rendimento real das famílias portuguesas caiu 0,28% no terceiro trimestre de 2023 face aos três meses anteriores, apesar de ter subido quando comparado com o mesmo período de 2022.

Neste quadro, João Duque diz que se não houvesse União Europeia, Portugal “estaria muito pior, porque seria conduzido apenas pelos desígnios dos políticos nacionais, que teriam menos respeito por decisões de longo prazo”, o que “levaria ao cavar de um caminho para um grande nível de inflação, grande descontrolo das contas públicas e por essa via, para o empobrecimento da população”.

O economista considera que “a União Europeia tem uma enorme vantagem para Portugal, que é, dando liberdade de escolha, dar um canal e um caminho de orientação”.

O "Radar Europa" é um podcast Renascença, em parceria com a Euranet Plus, a rede europeia de rádios.

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