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Explicador Renascença

Visita "Ad Limina": o que é e em que consiste?

20 mai, 2024 - 09:43 • Ana Catarina André

De acordo com o direito canónico, cada um dos bispos diocesanos tem de apresentar um relatório sobre o estado da sua diocese. Trata-se de um documento composto por 23 capítulos já enviado previamente para o Vaticano, antes da visita.

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Esta semana, os bispos portugueses estão em Roma para a visita Ad Limina.

O Explicador Renascença esclarece.

Em que consiste esta viagem?

A visita Ad Limina Apostolorum é um encontro dos bispos com o Papa e com vários organismos da Santa Sé.

De acordo com o direito canónico, cada um dos bispos diocesanos tem de apresentar um relatório sobre o estado da sua diocese. Trata-se de um documento composto por 23 capítulos já enviado previamente para o Vaticano, antes da visita.

Além disso, cada uma das comissões episcopais da Conferência Episcopal Portuguesa produziu também um relatório por área. Estamos a falar, por exemplo, da Comissão Episcopal da Pastoral Social e Mobilidade Humana e da Comissão Episcopal da Educação Cristã e Doutrina da Fé.

Nesta visita Ad Limina participam 28 bispos, incluindo cardeais, e o secretário da Conferência Episcopal.

Os trabalhos têm início esta segunda-feira e prolongam-se até sexta-feira.

Estas visitas são habituais ou esta é excecional?

Sabe-se que existem desde tempos remotos. No século XI tornaram-se obrigatórias, por decisão do Papa Pascoal II.

Regra geral, acontecem de cinco em cinco anos. A última decorreu em 2015, já com o Papa Francisco, e só agora, nove anos depois, volta a acontecer. Desta vez, o intervalo de tempo é maior por causa da pandemia e da Jornada Mundial da Juventude.

Qual é o programa para estes dias?

Além da audiência com o Papa Francisco, marcada para sexta-feira, os bispos terão reuniões nos vários Dicastérios da Cúria romana.

O programa prevê ainda celebrações nas basílicas papais e uma outra missa na Igreja de Santo António dos Portugueses.

Serão discutidos temas relevantes?

Sim. É muito provável que temas como a ação social da Igreja, os seminários, a vida do clero e a catequese façam parte da agenda.

Mas não só. Em entrevista à Renascença, D. José Ornelas admitiu que os abusos na Igreja "não podem deixar de estar em cima da mesa", tal como o sínodo e as dificuldades financeiras das instituições sociais.

O ano passado, D. Virgílio Antunes, bispo de Coimbra e vice-presidente da CEP, disse também à Renascença que estava preocupado com a diminuição do número de crentes nas missas dominicais. Assuntos que vão ser levados a estas reuniões, tal como a Jornada Mundial da Juventude de Lisboa, que trouxe o Papa Francisco a Portugal, o ano passado.

São conhecidas as expectativas dos bispos para estes dias?

O presidente da CEP, D. José Ornelas, afirmou à Renascença que os bispos portugueses vão ao Vaticano "com vontade de ouvir", sem esquecer também de levar a sua "experiência de Igreja que é importante para o Papa".

Referindo-se a alguns títulos presentes na imprensa que têm dito que a hierarquia da Igreja "vai prestar contas" ao Papa, como se fosse “uma vistoria a uma multinacional", D. José Ornelas prefere dizer que se trata, acima de tudo, "de um encontro".

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