A+ / A-

Governo de Luís Montenegro

Secretária de Estado da Mobilidade saiu da CP para entidade reguladora com indemnização de 80 mil euros

05 abr, 2024 - 01:27 • João Pedro Quesado

Cristina Pinto Dias foi nomeada para a Autoridade da Mobilidade e dos Transportes em julho de 2015, por Passos Coelho. Saiu da administração da CP com indemnização que a então comissão de trabalhadores considerou "escandalosa".

A+ / A-

A nova secretária de Estado da Mobilidade saiu da CP para a Autoridade da Mobilidade e dos Transportes (AMT) por nomeação do Governo de Passos Coelho, mas recebeu uma indemnização de 80 mil euros. Cristina Pinto Dias era vice-presidente da transportadora pública ferroviária e faz parte da lista de 41 nomes dos novos secretários de Estado do Governo de Luís Montenegro.

Cristina Pinto Dias era vogal da administração da Autoridade da Mobilidade e dos Transportes desde julho de 2015, quando foi nomeada numa resolução assinada pelo então primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho. Até então, era vice-presidente da CP (desde fevereiro de 2013), mas já fazia parte dos quadros da empresa desde 1992.

Segundo uma notícia do jornal "Público", de outubro de 2015, a nova secretária de Estado negociou então uma indemnização pela saída da empresa, apesar de se tratar de uma rescisão voluntária da parte de Cristina Pinto Dias. O valor chegou aos 80 mil euros.

Em resposta, fonte oficial da CP disse ao jornal que Cristina Pinto Dias, "enquanto trabalhadora da CP, rescindiu o seu contrato com as condições aplicáveis às centenas de trabalhadores (389 nos últimos cinco anos) que saíram desta empresa, por mútuo acordo, nos últimos anos". Cristina Pinto Dias não respondeu às perguntas do jornal, e remeteu esclarecimentos para os recursos humanos da CP.

Na altura, a comissão de trabalhadores da CP considerou o caso "escandaloso". José Reisinho disse ainda ao "Público" que no final de 2014, quando Cristina Pinto Dias ainda fazia parte da administração da transportadora pública, a CP convidou trabalhadores a rescindir contrato, tendo disponível uma verba entre 40 e 60 mil euros para as indemnizações.

Longa carreira na área da mobilidade

Quando foi nomeada para a AMT, Cristina Pinto Dias tinha 49 anos, e também era presidente da EMEF (Empresa de Manutenção de Equipamentos Ferroviários) - unidade que foi reintegrada na CP a 1 de janeiro de 2020. Além disso, liderava a SIMEF (outra empresa de manutenção ferroviária) e a Transportes Intermodais do Porto (TIP).

A nova secretária de Estado entrou na CP em 1992, como técnica superior. Em 1998, passou a ser chefe de serviço do Gabinete de Auditoria Interna. A carreira na transportadora pública foi interrompida em 2000, quando Cristina Pinto Dias passou a diretora da regulação económica no Instituto Nacional do Transporte Ferroviário (cujas competências passaram, em 2007, para o atual IMT).

Entre 2003 e 2004, foi assessora para as áreas dos Transportes, Economia e Finanças do Ministro das Obras Públicas, Transportes e Habitação, António Carmona Rodrigues. Entre 2004 e 2005, fez parte do conselho de administração da Comissão Instaladora da Autoridade Metropolitana de Transportes de Lisboa.

Licenciada em Economia, Cristina Pinto Dias voltou à CP em 2005. Foi nomeada para a administração da empresa ferroviária em 2010.

Cristina Pinto Dias toma posse como secretária de Estado da Mobilidade esta sexta-feira, às 18 horas. O Ministério das Infraestruturas e Habitação, liderado por Miguel Pinto Luz, conta ainda com Hugo Espírito Santo como secretário de Estado das Infraestruturas, e Patrícia Santos como secretária de Estado da Habitação.

Comentários
Tem 1500 caracteres disponíveis
Todos os campos são de preenchimento obrigatório.

Termos e Condições Todos os comentários são mediados, pelo que a sua publicação pode demorar algum tempo. Os comentários enviados devem cumprir os critérios de publicação estabelecidos pela direcção de Informação da Renascença: não violar os princípios fundamentais dos Direitos do Homem; não ofender o bom nome de terceiros; não conter acusações sobre a vida privada de terceiros; não conter linguagem imprópria. Os comentários que desrespeitarem estes pontos não serão publicados.

  • JM
    05 abr, 2024 Seial 13:57
    Ainda a procissão vai no adro. Vamos ver se os mídia também vão vasculhar a vida dos governantes da AD com a intenção de criar casos e casinhos como fizeram com o governo de maioria absoluta do António Costa.

Destaques V+