Dia Internacional dos Migrantes

Um em cada três estrangeiros em Portugal vive em risco de pobreza

18 dez, 2023 - 00:01 • Diogo Camilo

Portugal é o quarto país com maior precaridade laboral entre os imigrantes e a taxa de desemprego é mais do dobro da média nacional.

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São quase 800 mil os estrangeiros a residir em Portugal, mas um em cada três vive em risco de pobreza ou exclusão social. Em média, recebem quase menos 100 euros por mês de salário que os cidadãos nacionais.

A propósito do Dia Internacional dos Migrantes, que se comemora esta segunda-feira, a Pordata traçou o perfil da população estrangeira a viver em Portugal, salientando que, nos últimos 15 anos, cerca de meio milhão obtiveram nacionalidade portuguesa.

Segundo dados do Eurostat, Portugal é o 10.º país da União Europeia com menor proporção de imigrantes.

Um em cada quatro estrangeiros que chegam a Portugal são de países de fora da União Europeia: quase 30% são brasileiros. As restantes nacionalidades mais representadas são britânica (6%), cabo-verdiana (4,9%), italiana (4,4%), indiana (4,3%) e romena (4,1%).

Numa década, mais do que triplicaram as concessões de títulos de residência. E muitos chegam também para estudar: um terço dos alunos de doutoramento no país são estrangeiros.

No entanto, a vida não é fácil para quem chega a Portugal: a taxa de desemprego da população estrangeiro é mais do dobro da média nacional e mais de um terço tem um contrato de trabalho temporário, em contraste com 16% dos trabalhadores portugueses.

“Portugal é o 4.º país com maior precaridade laboral entre os estrangeiros, a seguir à Croácia (48%), aos Países Baixos (38%) e à Polónia (36%). Em 2021, os trabalhadores estrangeiros ganhavam, em média, menos 94 euros mensais do que a média nacional”, refere a Pordata.

A percentagem de estrangeiros em risco de pobreza é pouco menor: 31% está em situação de pobreza ou exclusão social, 11 pontos percentuais acima do valor da população portuguesa (19,8%).

O perfil dos imigrantes em Portugal

Em 2022, chegaram a Portugal 118 mil imigrantes, o maior valor desde que há registo.

Desde 2008 que se verifica um aumento anual de entrada de imigrantes no país, com exceção dos anos 2010, 2011, 2012 e 2020.

Entre as características em comum do conjunto da comunidade imigrante, em 2022, a Pordata sublinha que um em cada quatro já nasceu em Portugal e quase metade (48,8%) tinha obtido a nacionalidade portuguesa. Metade dos imigrantes tem idades entre 15 e 44 anos e quase dois terços eram homens.

O perfil dos emigrantes que saem de Portugal

Os traços dos portugueses que vão para o estrangeiro são semelhantes: 65% são homens e oito em cada 10 tem idades entre os 15 e os 44 anos.

No entanto, uma característica salta à vista: quase metade (47,6%) tinha o Ensino Superior. E metade emigrou para outro Estado-membro da União Europeia.

Ainda assim, desde 2019 que o número de imigrantes é três vezes maior do que o de emigrantes, contribuindo para os saldos migratórios positivos . Entre 2011 e 2016, o saldo foi negativo, com mais saídas do que entradas no território português.

Nos últimos 62 anos, 30 foram marcados por saldos migratórios negativos, em 3 períodos concretos: de 1961 a 1973, de 1983 a 1992 e, mais recentemente, de 2011 a 2016. Atendendo a que o saldo natural tem sido negativo desde 2009, o crescimento da população observado a partir de 2019 tem-se devido à entrada de imigrantes em Portugal.

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