Futebol internacional

Porque tantos clubes querem contratar Lopetegui? “É dos que acende e desliga a luz do centro de treinos”

08 mai, 2024 - 13:50 • Eduardo Soares da Silva

O ex-treinador do FC Porto é dos mais cobiçados dos últimos meses. É visto como um técnico de "alto prestígio no ecossistema" e o "timing" empurra-o para o West Ham, afastando Rúben Amorim definitivamente para fora do cenário.

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O telefone de Julen Lopetegui não para de tocar nos últimos meses. O antigo treinador do FC Porto estará perto de assinar pelo West Ham, o clube que escolheu, depois de ter sido abordado por vários clubes de topo.

De acordo com o "The Athletic", desde que deixou o Wolves no final da época passada, Lopetegui já recusou vários clubes da Premier League, La Liga e até do campeonato saudita.

O gigante Bayern de Munique foi o mais recente a perguntar por Lopetegui - após ter falhado as contratações de Xabi Alonso, Julian Nagelsmann e Ralf Rangnick -, mas foi o AC Milan que esteve perto de o contratar, uma decisão revertida após uma campanha da claque contra o espanhol.

Com todas as cartas em cima da mesa, o espanhol preferirá rumar ao West Ham, clube que chegou a reunir com Rúben Amorim em Londres. Mas, afinal, o que torna o espanhol tão apelativo?

Desde já, um dos motivos é que está disponível e, portanto, pronto a entrar ao trabalho sem necessidade de pagamento de uma compensação a outro clube. O que não aconteceria, por exemplo, com Rúben Amorim.

Lopetegui ganhou também muito crédito na Premier League após uma impressionante meia época no Wolverhampton. Assumiu o clube a meio da temporada passada, no último lugar, e terminou num confortável 13.º posto, longe dos lugares de descida. Elías Israel, diretor do Sportyou e ex-diretor da Marca, conhece bem Lopetegui e explica a procura com o "grande prestígio no escossistema".

"É um trabalhador nato, dos que acende e desliga a luz do centro de treinos. É metódico e tem um futebol ofensivo. Os que trabalharam com ele, de jogadores a dirigentes, falam muito bem dele e isso dá-te grande prestígio", explica à Renascença.

O espanhol tem ainda um currículo chamativo, principalmente em Espanha. Esteve tres épocas e meia no Sevilha, clube no qual venceu uma Liga Europa (em 2020 contra o Inter de Milão), e apurou o clube três vezes consecutivas para a Champions, algo que "nunca ninguém tinha conseguido".

Anteriormente, Lopetegui foi treinador do Real Madrid, no qual fracassou, e selecionador espanhol, função da qual foi despedido em vésperas de Mundial 2018 por negociar contrato com os "merengues". A passagem do espanhol pelo FC Porto foi também pouco memorável, sem qualquer título conquistado.

Há também poucos treinadores conceituados disponíveis no mercado. Jurgen Klopp vai tirar, pelo menos, um ano sabático. Graham Potter, Hansi Flick, Antonio Conte e José Mourinho são alguns dos nomes disponíveis.

Elías acreditas que Lopetegui "ainda tem de subir um último patamar e que acabará por chegar aos cinco maiores clubes de Inglaterra". Conta que o espanhol esteve muito perto de fechar o contrato com o AC Milan e foi ainda abordado por outros grandes clubes, mas o "timing" empurra-o para o West Ham.

"A questão é sensível. Esteve numa negociação larga com o AC Milan e, pelo meio, teve propostas do Crystal Palace e de um clube saudita que lhe oferecia 18 milhões limpos, mas depois surgiu a iniciativa da claque", esclarece. Agora, não quer deixar passar o clube londrino: "É algo seguro".

"O Bayern de Munique e o Manchester United demonstraram interesse, mas o momento é muito importante, e esses dois clubes dependem ainda de como acabam as épocas. Ele sonhava voltar à Premier League, diz que é o paraíso dos treinadores, e o West Ham é um clube para construir e ele valoriza muito isso. O resto seria uma incógnita", explica.

10 anos de FC Porto, um projeto falhado mas de "grande aprendizagem"

Faz precisamente 10 anos que Julen Lopetegui foi anunciado como treinador do FC Porto. Era ainda um jovem treinador que se preparava para a sua primeira experiência num clube após vários anos nas camadas jovens da seleção espanhola, num contexto em que conquistou dois Europeus.

O percurso não correu bem, perdeu o título para o Benfica e não conquistou nenhuma das taças. Uma caminhada de destaque na Liga dos Campeões até aos quartos de final e uma vitória histórica, no Dragão, contra o Bayern de Munique atenuaram a desilusão.

Acabou despedido a meio da temporada seguinte. Elías garante que Lopetegui recorda a experiência no Dragão como "uma grande aprendizagem".

"Às vezes, quando algo não corre bem a um treinador, as direções tentam ver para lá disso e atentam a como preparam os jogos e os grupos, como é que os jogadores falam deles. E acho que o Julen saiu muito reforçado, ainda que tenha sido irregular. Aprendeu uma lição, era mais inexperiente, e saiu de lá muito melhor treinador", conclui.

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