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Santa Casa da Misericórdia

"Coincidência": Edmundo Martinho desvaloriza negócio de NFT com empresa em que filho trabalhava

08 mai, 2024 - 10:59 • Tomás Anjinho Chagas

Antigo provedor da Santa Casa da Misericórdia está a ser ouvido no Parlamento e garante que operação no Brasil que abriu buraco financeiro foi acompanhado pelo Governo.

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O antigo provedor da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa (SCML), Edmundo Martinho, garante que o Governo de António Costa estava a par do processo de internacionalização dos jogos.

Em causa estão as operações da Santa Casa em vários países, com especial enfoque no Brasil, que culminaram em prejuízos de mais de 50 milhões de euros.

Ouvido esta quarta-feira hora no Parlamento, a pedido do Chega e da Iniciativa Liberal, Edmundo Martinho garante que o executivo de Costa estava a acompanhar a operação.

"Obviamente, em todo este processo, tudo foi sendo feito com a participação da tutela, informação permanente da tutela sobre o estado da arte. O que aconteceu aqui no meio do percurso foi a Covid-19", garantiu Edmundo Martinho.

Durante a audição, o antigo provedor insistiu que o processo de internacionalização dos jogos Santa Casa são o "caminho adequado" para que a instituição apresente bons resultados no futuro.

Já esta quarta-feira Ana Jorge recusou, em declarações à Renascença, qualquer benefício tirado pela mesa (administração) durante o ano que esteve à frente da SCML , tal como tinha acusado a atual ministra da Segurança Social.

NFT e a empresa onde o filho trabalhava? "Coincidência"

O antigo provedor da Santa Casa da Misericórdia diz que a contratação da empresa onde o filho trabalhava para o negócio dos NFT (non-fungible token) é "coincidência". Edmundo Martinho foi questionado sobre o envolvimento do filho na compra destes tokens, que representam obras de arte de forma digital e única, e que deram prejuízos de centenas de milhares de euros à SCML.

"Eu pedi-lhe a ele [filho] a título gratuito, para nos fazer uma apresentação sobre a questão do blockchain, criptomoedas e NFT, para ficarmos a perceber melhor o que é isto. Coincidência das coincidências, há uma empresa que nós vínhamos a contratar que era a única exchange, ou seja, que está autorizada para fazer transações de criptomoeadas para moeda corrente", revela o antigo provedor.

Por coincidência, Edmundo Martinho refere-se ao facto de esse seu filho trabalhar nessa empresa na altura. O negócio, que envolveu um investimento de meio milhão de euros e que só teve retorno de 6 mil euros.

"Felizmente ou infelizmente isto não deu nenhum resultado, tivemos muito poucas vendas", resume. Para justificar, o antigo provedor lembra que foi construído um site (Artentik).

Edmundo Martinho lamentou ainda o facto de não ter sido ouvido durante a auditoria feita à Santa Casa da Misericórdia, classificando como "bizarro" o processo.

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  • Anastácio José Marti
    10 mai, 2024 Lisboa 09:49
    Até onde chegam as faltas de vergonha, brio profissional, isenção e imparcialidade a quem ocupa os cargos de confiança política' São estas as formas de servir a população e o país alguma vez? Com o conhecimento da anterior Ministra do Trabalho ou não, quando saberão os portugueses onde está o dinheiro envolvido nas negociações que este sujeito fez em nome da SCML? Será que não existe nenhum jornalista que saiba fazer esta pergunta a este político que nos provou o que é que sabe fazer, pois até o apoio na aquisição dos medicamentos para os utentes crónicos retirou a doentes crónicos que não o deixaram de ser mas que com a falta de tal apoio por este politico cortado, correm o risco de terem de interromper os tratamentos aos vários problemas crónicos de saúde de que necessitam para poderem sobreviver. São estas as formações humana, moral e responsável que este elemento provou não ter pois até as competências para as quais a SCML foi um dia criada não soube respeitar terminando com estes apoios aqui descritos, os quais, até hoje, 10/5/2024, nunca foram repostos por quem o sucedeu..

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