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“Mesmo quem votou neste governo, talvez já esteja dececionado”, diz diretor da Feira do Livro de Buenos Aires

07 mai, 2024 - 17:58 • Maria João Costa

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“Como cidadão de um país como a Argentina, é triste!”, afirma Ezequiel Martinéz. O diretor da Feira do Livro de Buenos Aires lamenta a fase que o seu país está a atravessar. Em entrevista à Renascença reconhece que o momento “está complicado” .

“Tivemos uma mudança de governo. Temos uma inflação muito, muito forte. O preço do papel com que se fazem os livros duplicou com esta inflação tremenda que temos”, refere o responsável que tem passado pelo espaço de Lisboa na feira por estes dias.

Ezequiel Martinéz admite: “Nós, os argentinos, estamos meio habituados a estes tsunamis económicos, mas é complicado. Fizemos todo o possível para ajudar”, indica o diretor da feira que proporcionou ao público, além de um voucher que vem com bilhete de entrada para descontar em livros, também, e pela primeira vez nos 48 anos da feira, a entrada gratuita no evento a partir das 20h.

Filho do escritor argentino Tomás Eloy Martínez, Ezequiel assume que como argentino preocupa-se com “o dia de hoje". "Ver o que vemos", diz, "gente despedida que fica sem trabalho, é triste”, conclui.

O diretor da feira que lembra o romance do seu pai, “O Cantor de Tango” (ed Asa) e que está traduzido em português, faz um paralelismo com a crise que a Argentina enfrentou em 2001, altura em que muitos argentinos emigraram. Ezequiel Martinéz diz que certamente o momento que a Argentina hoje vive “seria certamente matéria literária” para o seu pai.

Sente-se hoje que mesmo quem votou neste governo, talvez já esteja dececionado”, indica o diretor da feira cuja inauguração ficou marcada pelo discurso do presidente da Fundação El Livro – que promove o evento – contra a presença de Javier Milei na feira. O Presidente argentino queria ir ao evento apresentar o seu livro.

Lisboa superou as expetativas

A cidade de Lisboa está este ano na Feira do Livro como cidade convidada de honra. Trouxe uma delegação de escritores, mas também músicos e realizadores. Questionado sobre a presença portuguesa, Ezequiel Martinéz começa por afirmar: “Estamos felizes, porque fizeram muito mais do que pedimos e pretendíamos”.

Em Buenos Aires, nestes 20 dias de feira, uma das apostas da organização lisboeta foi “trazer muita diversidade”, aponta o diretor do evento. Para Ezequiel Martinéz essa diversidade passou não só por “diversidade geracional, como de temáticas”

“Vieram não só com literatura, mas também com arte, música e cinema, não só no âmbito da feira onde está a exposição da Casa Museu Fernando Pessoa e uma replica de um elétrico de Lisboa, como também promoveram todas as atividades na Biblioteca Nacional e na Biblioteca do Congresso”, destaca Ezequiel Martinéz.

Superaram as expetativas que temos de uma cidade convidada da feira”, depois de mais de dois anos de trabalho conjunto com a autarquia de Lisboa que organizou esta presença na cidade argentina.

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