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Eleições na Rússia

"Vou votar anti-Putin". Centenas de russos esperam para votar na embaixada em Lisboa

17 mar, 2024 - 13:19 • Lusa

Vladimir Putin está no poder desde 2000 e pretende garantir um quinto mandato presidencial.

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Largas centenas de russos esperam este domingo ordeiramente a sua vez para votar na embaixada da Rússia em Lisboa e muitos deles não escondem a vontade de mudar, mas também alguma descrença no processo eleitoral.

Principalmente a partir do meio-dia, hora a que um movimento internacional de contestação ao Presidente Putin convidou os russos a votarem, foram muitos os russos que engrossaram a fila de eleitores, que enche parte da Calçada de Arroios e também da Rua Ponta Delgada, nas imediações da embaixada da Rússia.

Os eleitores, muitos deles acompanhados de crianças e bebés de colo, estão a entrar a uma cadência lenta nas instalações da embaixada, que está protegida com grades e uma significativa presença policial.

Os eleitores fazem-se acompanhar de passaporte e alguns deles são, no final da votação, abordados por elementos de uma organização que está a fazer uma espécie de sondagem à boca da urna.

O objetivo é demonstrar que, ao contrário do que dizem as autoridades russas, estes cidadãos querem a mudança e não a continuidade do Presidente russo, Vladimir Putin.

Mateus, 21 anos, um jovem estudante russo que está há dois meses em Portugal, a frequentar Erasmus, faz parte da organização e num português esforçado explica que, apesar do que as autoridades russas indicam, a mobilização em vários países demonstra que as pessoas não querem mais Putin no poder.

Nas anteriores eleições, acrescenta, a oposição pouco votava, mas agora "toda a gente vota contra Putin", o que espera ver espelhado na sondagem à boca das urnas que o projeto "voteabroad.info" está a realizar junto à embaixada.

"Com a ajuda do nosso projeto vamos ver os resultados verdadeiros", indica.

Manifestantes durante protesto internacional “Noon Against Putin” na Embaixada da Rússia em Lisboa. Fotos: António Pedro Santos/Lusa
Manifestantes durante protesto internacional “Noon Against Putin” na Embaixada da Rússia em Lisboa. Fotos: António Pedro Santos/Lusa

A atriz Anna Eremin não acredita que os resultados sejam verdadeiros, mas demonstra grande satisfação por ver tanta gente a votar, perto do meio-dia, em resposta ao apelo internacional de protesto contra Putin, lançado por Alexei Navalny pouco antes da morte do opositor na prisão.

"Vou votar anti-Putin e a esperança é esta, que algum dia esta ditadura do Putin acabe", afirma.

A atriz acredita que a comunidade russa está unida e que isso é "um sinal de que a morte de Navalny veio acordar" as pessoas. .

"Temos mesmo de nos mexer. Mesmo que os resultados não mostrem nada, mostram que estamos em maioria", observa, recordando que, "quando a guerra começou, as pessoas ainda tinham medo de falar, mas esse medo está a acabar".

E sublinha: "Putin está no poder há tantos anos que as pessoas que vão votar pela primeira vez já nasceram com ele. O facto de serem contra ele reflete muito bem o que está a acontecer atualmente.".

Em Portugal desde julho de 2023, Anastácia considera "fantástica" a forte presença de russos na fila para votar, o que, na sua opinião, demonstra a vontade da mudança.

"Acho que é um grande momento, porque precisamos de escolher e mostrar a nossa escolha", diz, mesmo sem acreditar nas eleições.

"Não interessa onde pomos a cruz no boletim", lamenta.

Sobre a comunidade russa em Portugal, classifica-a como "forte e com muitas pessoas novas, muitas crianças". E do país anfitrião só encontra virtudes, a começar pelas "pessoas, o clima, o oceano e o sol".

O protesto internacional "Meio-dia contra Putin" foi agendado para este domingo, o último dos três dias de votação das eleições presidenciais russas, e convida os cidadãos russos, na Rússia e a nível internacional, a deslocarem-se às respetivas assembleias de voto ao meio-dia "para expressarem uma posição coletiva contra a atual situação política".

Vladimir Putin está no poder desde 2000 e pretende garantir um quinto mandato presidencial, depois de também ter ocupado o cargo de primeiro-ministro entre 2008 e 2012.

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