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Villas-Boas teme "ruína financeira" se Pinto da Costa continuar presidente do FC Porto

15 abr, 2024 - 21:38 • Inês Braga Sampaio

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André Villas-Boas teme que o FC Porto esteja destinado à "ruína financeira", no caso de Jorge Nuno Pinto da Costa ser reeleito presidente.

Em entrevista à RTP, transmitida esta segunda-feira, o candidato afirma que, se o atual presidente lá continuar, "e tendo também as pessoas de que se está a rodear, [o FC Porto] poderia continuar facilmente para a ruína financeira.

"Já não vamos lá com retoques de maquilhagem das equipas e desculpabilizando-se com a saída de outros administradores que colocaram o FC Porto na situação em que está atualmente, todos os líderes têm de assumir responsabilidades. Tantos nos sucessos como nas derrotas. As responsabilidades contam também do ponto de vista financeiro, de sustentabilidade e de crescimento do clube, e é isso que não temos visto nos últimos anos.

"Temos visto um FC Porto a perder capacidade competitiva, que não se adaptou infraestruturalmente como se adaptaram os rivais, em défice em relação às modalidades femininas. Tudo isso é reflexo de uma gestão que estagnou no tempo. Daí que ache que o momento é absolutamente agora", sublinha.

Dez relvados no Olival, a referência europeia

Quanto à eventual futura academia do FC Porto, que muito tem dado que falar, Villas-Boas frisa que, em 2022, quando iniciou o projeto desta candidatura, "não havia conversas sobre a Academia da Maia".

"O FC Porto estava em vias de tentar rescindir um contrato que tinha assinado para construir uma academia em Matosinhos. Nós queríamos resolver imediatamente os problemas infrastruturais do FC Porto com a criação de um novo espaço. Para nós, fazia sentido, do ponto de vista da unidade, de formação e futebol profissional estarem juntos, colocá-la em Gaia, mas também do ponto de vista do custo, da operação e da velocidade de execução dessa operação", explica.

O terreno sugerido por André Villas-Boas, "que estava nas mãos da família Amorim", aumentará a capacidade do Olival para dez campos relvados: "É o 'benchmark' para uma cidade de futebol igual aos grandes clubes europeus."

"Não posso passar a vida a desmentir barbaridades"

André Villas-Boas rejeita comentar a sugestão feita por Pinto da Costa de uma relação entre as arbitragens, que alegadamente têm prejudicado o FC Porto, e a candidatura do antigo treinador à presidência do clube.

"É uma declaração infeliz e muitas têm sido ditas durante esta candidatura", frisa, antes de acrescentar, quando confrontado com outro comentário, feito por Vítor Baía: "Não posso passar a vida toda a desmentir a quantidade de barbaridades ditas pela outra candidatura."

"O candidato Jorge Nuno Pinto da Costa nunca pensou que esta candidatura se tornasse tão forte e gerasse tanta onda de entusiasmo como está a gerar. A realidade é essa e isso confrontou o presidente com uma situação que ele nunca teve durante estes 42 anos. Os sócios fartaram-se e exigem mudança, exigem um FC Porto sustentável, lançado para a modernidade, que corresponda aos desejos dos seus associados e isso não está a acontecer", acrescenta.

Lutar na Europa e conquistar Portugal


Por outro lado, Villas-Boas admite que "muito difícil" o FC Porto regressar a uma final europeia, face à "ameaça clara sobre o ecossistema do futebol" que representam o projeto da Superliga Europeia, os grandes grupos de clubes, os fundos de investimento e a reformatação dos quadros competitivos da UEFA.

"Tudo isto são sinais de mudança do ecossistema do futebol, que leva as coisas a tornar-se muito sensíveis e para o FC Porto poder chegar a uma competição europeia tem de estar ao máximo nível desportivo, de 'scouting', de formação e de formação de uma equipa competitiva. É muito mais complicado, mas temos esta experiência e 'background' europeu que nos sustenta e que nos permite sonhar", salienta.

Embora a conquista da Europa esteja mais difícil, Villas-Boas quer conquistar o país.

"Estima-se que 88% dos associados do FC Porto estão apenas em três distritos: Porto, Braga e Aveiro, e 12% estão no resto do país. Para um clube que tudo ganhou no passado, isto significa muito pouco", assinala.

Assim, o antigo treinador acredita que o eventual sucesso da sua candidatura "deve também representar um crescimento do associativismo do FC Porto a nível nacional".

Liderar pelo exemplo, sem remuneração


Sobre o facto de pretender uma direção que abdique de remuneração, André Villas-Boas deixa muito claro: "Estou e estamos para servir o FC Porto."

"Há uma série de pessoas nesta candidatura que escolhi que fazem um esforço financeiro para vir para o FC Porto, sofrendo cortes na sua remuneração e aceitando servir o FC Porto. O presidente tem de ser o reflexo máximo deste esforço, mudar o paradigma", realça.

O antigo treinador anuncia, portanto, "cortes acentuados do ponto de vista da remuneração" dos elementos da direção.

"Tem sido um dos pontos de escândalo relacionados com a administração do presidente Jorge Nuno Pinto da Costa. Em sensivelmente 12 anos, estamos a falar de 27 milhões de euros em remuneração. A administração tem de servir de exemplo", atira.

As eleições à presidência do FC Porto estão marcadas para o dia 27 de abril. Concorrem André Villas-Boas, além de Jorge Nuno Pinto da Costa, atual presidente, e Nuno Lobo.

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