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Falta de insetos traz menos andorinhas a Portugal

08 mai, 2024 - 01:20 • Marisa Gonçalves

O número de andorinhas caiu 40% no espaço de 20 anos. Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves alerta para os efeitos das alterações climáticas e da agricultura intensiva.

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“Andorinha de asa negra aonde vais? Que andas a voar tão alta”, assim começa a letra da canção interpretada pelo grupo Madredeus intitulada “A Andorinha da Primavera”. Acontece que estas anunciadoras da nova estação têm cruzado menos, os céus de Portugal.

O número de andorinhas caiu 40% no espaço de 20 anos. Esta é a principal conclusão a que chegou o censo de aves comuns, um programa de monitorização a longo prazo de aves nidificantes, coordenado pela Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves (SPEA).

Esta diminuição é considerada representativa do declínio generalizado de diversas espécies de aves migradoras de longa distância.

Em declarações à Renascença, Hany Alonso, técnico da SPEA e coordenador do estudo agora divulgado, aponta como uma das causas essenciais a falta de alimento, como é o caso dos insetos.

“Quer estejamos a falar de alterações climáticas, quer estejamos a falar da intensificação agrícola, tudo tem a ver com a disponibilidade de alimento. Neste caso, as espécies insectívoras dependem dos insetos. Estes pequenos animais acabam por ser os mais afetados pelas grandes alterações nos ecossistemas. De facto, nas aves insetívoras podemos ver esse impacto, ao diminuírem os seus números”, aponta.

Hany Alonso explica que as alterações climáticas representam um dos problemas já identificados, mas há outros fatores associados.

“Saiu um estudo no ano passado que pegou nos dados dos últimos 37 anos na Europa e avaliou as tendências de 170 espécies. Aquilo que se percebe é que a intensificação agrícola era o fator que estava a afetar mais o declínio das espécies, nomeadamente pela utilização de pesticidas. Uma das consequências lógicas é, obviamente, a diminuição de insetos”, sustenta.

O técnico da SPEA afirma ainda que a par das andorinhas, há outras espécies de aves migradoras, no caminho de um declínio generalizado e dá como exemplo a rola brava, o picanço barreteiro e o cuco.

Em Portugal existem pelo menos cinco espécies de andorinhas. A andorinha-das chaminés é uma espécie migradora e uma das mais comuns.

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