“O radical é o novo normal”

Populismos, conspirações e polarização. Não regular a Internet “tem riscos muito sérios” para a democracia

04 abr, 2024 - 06:30 • Salomé Esteves

De campanhas de desinformação à “incitação ao ódio”, “os populistas têm trabalhado bastante bem” as redes sociais. A investigadora Susana Salgado alerta que a literacia e a regulação da Internet são fundamentais para manter a “qualidade da democracia”, mas receia que “já não sejam suficientes”.

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A inclinação para aceitar atitudes populistas e participar em teorias da conspiração não tem idade nem posição no espectro político, mas resulta da falta de confiança nas instituições, da propensão para ser antissistema e da utilização de redes sociais sem “travão”. São as primeiras conclusões do estudo Matrix: (A Matriz das) Atitudes Populistas e Negacionistas face à Ciência, que se debruça sobre atitudes radicais em vários contextos, da ciência à pandemia, passando pelo discurso político.

Susana Salgado é a investigadora principal do projeto, a ser desenvolvido no Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa. Em entrevista à Renascença, explora como nascem e se espalham estes comportamentos. Até agora, a principal conclusão do estudo, que está a decorrer até ao final de 2024, é simples: “o radical é o novo normal”.

O populismo tem sido estudado, nos últimos anos, como um fenómeno que se espalha entre as direitas. Líderes políticos como Donald Trump e Jair Bolsonaro arrastaram a investigação de atitudes populistas para longe do espetro político da esquerda, mas não é certo que todos os populistas sejam de direita ou que as pessoas de esquerda sejam imunes aos seus efeitos.

Um inquérito feito em Portugal, Espanha e Reino Unido demonstrou que “quer a direita quer a esquerda”, e até as pessoas que se “autoposicionam ideologicamente ao centro”, “têm uma tendência para ter este tipo de narrativas alternativas”.

O que é certo é que as narrativas populistas e as teorias da conspiração proliferam nas redes sociais. Susana Salgado lembra que os populistas “têm trabalhado bastante bem” estas plataformas e “que têm estratégias de comunicação muito mais profissionais para as redes sociais".

A investigadora especialista em comunicação política alerta que a “incitação ao ódio”, o uso da “polarização como arma política”, aliadas a “uma liberdade de expressão em que tudo é admissível” e a campanhas desinformação, têm impactos “perversos”. Em risco, acrescenta, está a “qualidade do discurso político” e a “possibilidade de compromisso” entre grupos diferentes, nomeadamente, entre a esquerda e a direita.

Resta o receio de que a regulação da Internet, a moderação de conteúdos e a literacia “já não sejam suficientes” para evitar estes danos à democracia.

Como é que a mentalidade conspiratória e as atitudes populistas estão relacionadas?

Quando estamos a estudar populações em concreto, temos de considerar os contextos. Temos de considerar uma série de coisas. Mas, em teoria, as teorias da conspiração fazem parte integrante das narrativas populistas. Aquilo que tem acontecido é que, mais recentemente, esta ligação parece ser ainda mais forte e mais visível. Muito por causa do uso das redes sociais, do social media em política, mas sobretudo da maior proeminência que nós temos encontrado em alguns líderes populistas que foram eleitos e que têm este tipo de discurso ou que, pelo menos, são conhecidos por recorrer muito a este tipo de discurso ou por manifestar apoio público a este tipo de discurso.

Estou a pensar, por exemplo, em Trump, em Bolsonaro... E quando não o fazem diretamente, os seus apoiantes têm uma forte tendência para disseminar este tipo de informação.

As teorias da conspiração estão muito ligadas à ideia de antissistema que também, naturalmente, está muito ligada a populismo.

Como é que isto se vê? As ideias de que as elites políticas ignoram os interesses das pessoas em favor dos seus próprios interesses. É aquela oposição entre o povo e a elite que nós sabemos que é bem comum em populismo. Mas também a ideia de que o sistema é corrupto e ineficiente são ideias basicamente comuns, tanto no populismo, como nas teorias da conspiração.

As teorias da conspiração foram muitas vezes ao encontro das narrativas populistas, porque são contra as elites, que são vistas como um inimigo do povo. E depois há outra questão, muito central, que é a falta de confiança nas autoridades e a falta de confiança nas instituições políticas, que acaba por ser um fator muito relevante na disseminação bem-sucedida das teorias da conspiração.


E os portugueses não são conhecidos por confiarem nas instituições... Porque é que isso acontece, ou seja, porque é que a falta de confiança pode alimentar teorias da conspiração?

Porque se houver fortes níveis de confiança nas instituições, naturalmente, podem existir teorias de conspiração que circulam nos extremos, mas que não contaminam, por assim dizer, o discurso político mais relevante. Quem fala de teorias da conspiração, fala de outras ideias mais extremas... Portanto, as teorias da conspiração estão muito ligadas a estes baixos níveis de confiança nas instituições, mas não há um motivo único que explique a crença em teorias da conspiração.

Pode haver motivos, que os autores chamam de existenciais e sociais, que têm que ver com a proteção de determinadas formas de ver o mundo, em que as pessoas se agarram a visões alternativas e narrativas que expliquem os seus receios. Ver os outros como inimigos ou excluir determinados grupos...

Enfim, depende depois do tipo de teorias da conspiração que são disseminadas. Existem imensas contra os imigrantes também... Na literatura, a investigação tem ligado a este tipo de narrativas — e à disseminação mais bem-sucedida deste tipo de narrativas — a contextos políticos específicos e, em particular, aos extremos ideológicos, muitas vezes de direita.

A direita tem sido mais estudada do que a esquerda. A minha perceção é que quer a direita quer a esquerda têm uma tendência para ter este tipo de narrativas alternativas.

Claro que o conteúdo das narrativas muda, naturalmente, porque estamos a falar de preocupações diferentes. Agora, o que o estudo demonstrou foi que, contrariamente àquilo que seria expectável, de encontrarmos estas ideias mais radicais apenas nos extremos ideológicos, verificamos que mesmo aquelas pessoas que se autoposicionam ideologicamente ao centro também têm uma forte expressão deste tipo de atitudes. Daí vem precisamente a questão de que o radical é o novo normal. No sentido de que está mais disseminado, ou, pelo menos, alguns tipos de radicais estão muito mais disseminados do que seria de prever inicialmente.


Alguns destes sinais e mesmo os exemplos são muito virados para a direita, mas as pessoas que podem ter estes comportamentos podem ser de qualquer campo ou ideologia política?

Exatamente. Nós fizemos os testes à procura das maiores prevalências nos extremos e depois testámos direita e esquerda, e, pelo menos nos nossos dados, não há uma diferença muito significativa — o que parece sugerir que estão disseminadas de um lado e do outro. A ideia que me dá, é que a literatura aponta normalmente mais para a direita radical e para a extrema-direita porque, nos últimos anos, têm sido a direita radical e a extrema-direita que têm causado maiores preocupações por causa do crescimento e por causa do tipo de discurso que têm e, consequentemente, mais estudos.

E depois, naturalmente, os investigadores que estão a estudar a extrema-direita e a direita radical acabam por encontrar resultados. Mas existem poucos estudos, e isso é pena, que comparem direita e esquerda. Há uns anos, quando se falava muito do Syriza na Grécia, ou do Podemos, em Espanha, havia uma grande produção de estudos de populismo de esquerda. Estes fenómenos políticos também perderam um bocadinho de relevância para os populismos de direita e extremos à direita.

E isso pode explicar porque é que a maior parte dos estudos sugerem que a direita, a extrema-direita e a direita radical são como uma espécie de incubadora para este tipo de atitudes mais radicais, seja acreditando nas teorias da conspiração, seja noutras. Mas quando nós fazemos uma análise mais abrangente da população, não conseguimos encontrar, pelo menos nos dados que temos - outros dados produzidos noutros países podem sugerir realidades diferentes -, não encontramos uma grande concentração à direita deste tipo de atitudes. Na verdade, aquilo que se demonstrou foi que elas estão disseminadas mesmo naquelas pessoas que se posicionam ideologicamente ao centro.

Portugal e Espanha são países muito semelhantes. Os portugueses e espanhóis têm tendências parecidas?

Costumam ser, de facto, parecidos. A Espanha costuma estar um bocadinho à frente. Quando estamos a estudar este tipo de questões, a Espanha costuma ser ligeiramente mais populista. E isso não é só deste estudo, já tenho verificado em estudos anteriores. Portanto, a ideia é que caminhamos na mesma direção, mas os espanhóis estão um bocadinho mais adiantados.


Uma vez que estas questões estão muito relacionadas com redes sociais, os dados mostram se os jovens estão mais propensos a envolver-se nestas teorias e nas conversas sobre o populismo?

A hipótese que testamos foi a de que a idade seria importante neste tipo de atitudes. E, de facto, os jovens tendem a ser mais antissistema. O que não quer dizer que não haja adultos antissistema, mas, pelo seu processo de crescimento, pela natureza das relações que têm, pelas formas de ver o mundo, têm tendência a ser mais rebeldes. Portanto, é normal que sejam mais antissistema e que, à partida, estejam mais predispostos para aceitar este tipo de posições alternativas, especialmente se elas forem também antissistema. Aquilo que alguma análise preliminar, e ainda estamos muito no início, nos demonstrou é que não parece haver uma diferença muito acentuada em termos de idade.

Portanto, encontramos este tipo de atitudes disseminadas. Agora, isto também pode ter a ver com o tipo de amostra. Nem sempre é fácil recolher dados de amostras representativas quando os dados são recolhidos online, como foi o caso, porque há determinados grupos que não estão tão representados como outros. Por exemplo, é sempre mais difícil recolher as quotas dos cidadãos mais sénior porque são pessoas que estão menos online. Não quer dizer que não consigamos os números do que que precisamos, a questão é que é sempre mais complicado.

Temos sempre alguma cautela, porque são pessoas que são especiais dentro do seu grupo, não é o comum.

O que vimos pelo mundo, em termos de populismo de crença em teorias da conspiração, é que não há uma diferença acentuada entre idades, com a população jovem a ser mais predisposta a este tipo de atitudes.

Isto não quer dizer que não exista esta tendência. Se pensarmos na natureza da juventude e na forma como as pessoas mais jovens veem o mundo e têm mais dificuldade, por assim dizer, em aceitar a autoridade, especialmente se não concordam com ela, estariam mais predispostos a este tipo de visões alternativas.

Por outro lado, também são aqueles que estão mais presentes nas redes sociais, ou seja, que já cresceram um bocadinho com esta lógica de pensamento, que é diferente das gerações mais velhas.


Então, o centro da questão não são forçosamente os utilizadores das redes sociais, mas as redes sociais em si?

O atual modelo de negócio das redes sociais assenta precisamente no extremar dos opostos.

Ou seja, quando vemos aquilo que é destacado nas redes sociais é o que é radical, o que choca, o que prende a atenção e tudo aquilo que se dissemina mais facilmente, aquilo que vai levar a mais likes e mais cliques. É precisamente assim que as redes sociais ganham dinheiro. É esse o seu modelo de negócio.

Portanto, acabam por, seja de forma propositada ou não, contribuir para esta disseminação maior ou para esta normalização daquilo que é radical, daquilo que é diferente, ou os trending issues, em determinados momentos.

E depois também tem muito que ver com as estratégias de comunicação que possam ser preparadas por alguns atores políticos e outros com interesses em disseminar determinado tipo de ideias.

Fala-se muito na desinformação russa, mas não é a única questão.

Há atores políticos, mesmo a nível nacional, que têm estratégias de comunicação muito mais profissionais para as redes sociais.

Depois, normalmente, os populistas têm trabalhado bastante bem essa questão. E depois há a facilidade através da existência das contas automáticas e dos bots que são criados para ajudar a disseminação de conteúdos específicos e para influenciar a opinião das pessoas num determinado sentido.

Portanto, tudo isto acaba por estar ligado. Provavelmente já fugi um bocadinho à questão dos jovens, mas acaba por ajudar a explicar a disseminação através das redes sociais e o facto de os jovens já crescerem com um modelo de sistema mediático completamente diferente do das duas gerações anteriores.


Esta questão da Internet é particularmente interessante, mas algo muito ambicioso. Em que medida é que isto podia ser aplicado para reduzir o impacto destas práticas?

Esta falta de regulação é extremamente problemática e a vários níveis. Se pensarmos, por exemplo, que as pessoas, os utilizadores humanos, não as contas automáticas e bots, acabam por não se importar... Um outro estudo que fiz, antes deste, demonstrou precisamente que os utilizadores das redes sociais não se importam de partilhar conteúdos com desinformação e com ódio, mesmo quando têm consciência da existência de ódio.

Portanto, isto significa que há muito trabalho a fazer a vários níveis. De um lado, por exemplo, a falta de vários tipos de literacia, a falta de alguma reflexão sobre as consequências de comportamentos, o que também me parece problemático, e depois a questão da regulação que está na ordem do dia já há bastante tempo. E agora, com os novos desafios, com a inteligência artificial, os deep fakes, etc., aumenta ainda mais a preocupação.

A discussão sobre quem é que regula e como é que se regula, de que regulação se precisa, numa visão mais liberal, acaba por ser vista como sinónimo de censura, etc. Existe esta preocupação, mas a questão é que uma liberdade levada ao limite, ou seja, uma liberdade de expressão em que tudo é admissível, enfim... Eu lembro-me de há uns anos o senhor do Facebook dizer que a desinformação era a liberdade de expressão ou qualquer coisa semelhante. Portanto, que não lhe cabia a ele fazer esse policiamento dos conteúdos, porque simplesmente as pessoas eram livres para dizer aquilo que quisessem dizer.

Mas a liberdade de expressão é um pilar central da democracia...

Até certo ponto, de facto, coaduna-se com a democracia e com a nossa visão de democracia e de liberdade de expressão. Mas o problema é que, quando levado ao extremo, coloca a própria democracia e os ideais democráticos em risco. Porque, espalhar ódio, espalhar desinformação, tem consequências, impacta grupos e tem impacto na própria qualidade da democracia. Têm de ser pensadas e têm de ser encontradas formas de, se não de limitar a liberdade de expressão, pelo menos de mais moderação de conteúdos. Essa seria muito bem-vinda.

Nós já sabemos que as plataformas de redes sociais fazem alguma moderação de conteúdos ou retiram alguns conteúdos, especialmente aqueles que têm linguagens e imagens mais violentas, aquelas imagens gráficas de horror, etc. Mas a questão é que só o fazem muitas vezes tarde e outras vezes só porque são pressionados, seja pela Comissão Europeia, seja pelo governo, seja às vezes pelos próprios utilizadores.

Portanto, existe ainda muito a fazer. O que não foi feito antes da inteligência artificial vai ser agora ainda mais urgente, como a questão do uso da inteligência artificial e a forma como a tecnologia e o impacto da tecnologia têm tido efeitos muitas vezes tão perversos, em várias situações, em vários contextos, quer na incitação ao ódio, como vemos em vários casos, quer na própria qualidade do discurso político.


Há alguma maneira de medir mais concretamente o que pode alimentar, ou, por outro lado, impedir o crescimento de populismos?

É praticamente impossível de demonstrar a causa-efeito, mas o crescimento do populismo surge muitas vezes associado a esta falta de travão das redes sociais, onde praticamente se publica tudo sem nenhum tipo de moderação ou de verificação. Seja informação falsa, seja informação mais odiosa, as coisas acabam por poder ser disseminadas por milhões, muito facilmente e rapidamente.

Outra questão é a importância dos meios de comunicação tradicionais em fornecer informação que seja credível e equilibrada, algo que eles próprios não conseguem fazer completamente que é desconstruir parte da desinformação.

O problema é quando vemos que os meios de comunicação tradicionais acabam por seguir as lógicas das redes sociais, indo atrás daquilo que vende mais e do que desperta mais atenção.

Há estudos muito interessantes sobre campanhas de desinformação russas e outras, que depois da guerra da Ucrânia começaram a ser ainda mais estudadas, como a questão da influência nas eleições norte-americanas.

É muito interessante saber que existem contas automáticas, bots, etc., a disseminar desinformação e, muitas vezes, essa desinformação não tem um alcance propriamente dito até ao momento em que os meios de comunicação tradicionais pegam nessa informação.

Ou seja, os meios de comunicação, não sendo de propósito, acabam por ajudar à maior disseminação desse tipo de conteúdos falsos, muitas vezes para desconstruir, mas com o efeito perverso de acabar por lhes dar mais visibilidade.

São situações muito complexas em que há um espaço incrível para maior regulação, mas tudo aquilo que conhecemos hoje está a mudar muito rapidamente. Portanto, mesmo a regulação, e as entidades que têm a responsabilidade de o fazer, podem não conseguir decidir a tempo de evitar muitas das consequências.

É este o mundo em que vivemos. A questão da literacia, a questão da regulação são essenciais e continuam a ser essenciais. O meu receio é que já não sejam suficientes.

Como são mudanças sistemáticas, já não será um pouco tarde?

Alguma coisa temos de fazer, com a consciência de que tem havido muito pouca capacidade de prever, e que tem havido muito a ideia de que não se pode limitar o desenvolvimento tecnológico, enfim, por razões comerciais e outras.

A questão é que deixar o desenvolvimento tecnológico fluir sem nenhum tipo de – já não digo barreiras —, mas com algum tipo de acompanhamento, tem riscos muito sérios, que estamos a começar a perceber, e que podem ser ainda mais sérios no futuro.


Sim, muito, muito distópico, mas muito presente também...

Não queria deixar uma imagem assustadora, mas são questões em que temos de pensar e que deviam ser abordadas com mais sistematicidade. Porque, às vezes, ouve-se falar disto ou falar daquilo, há um organismo que faz isto ou que faz aquilo, mas é tudo muito fragmentado. E, entretanto, o mundo vai acontecendo e as coisas vão evoluindo.

Na maior parte das vezes, aquilo que nos é deixado, é lidar com os efeitos e com as consequências.


Há um termo curioso que usou numa das suas investigações, que é polarização afetiva. Curioso porque parece menos política e mais pessoal. Mas o que é que este termo significa no contexto destes populismos, de atitudes conspiratórias, na relação com o outro?

Não tem a ver com relações afetivas, mas tem um bocadinho a ver com relações afetivas. E eu passo a explicar. Quando falamos em polarização, normalmente há dois tipos de polarização: a polarização centrada em temas que é aquela polarização que resulta das propostas sobre temas concretos que se afastam cada vez mais do centro e da possibilidade de compromisso. Ou seja, é a polarização em relação a propostas específicas.

E depois a polarização afetiva, que tem que ver com o que nós chamamos de distância social do outro, com antipatia, com aversão, e mesmo ódio, daquilo que é o grupo oponente. A esquerda da direita, por exemplo. Ou seja, em vez de haver só polarização em termos de propostas, pode existir também uma polarização afetiva que tem que ver com esta aversão, com este ódio.

No fundo, é uma distância social cada vez maior, que pode evoluir para o ódio. Pode não evoluir, mas normalmente evolui para o ódio, e que, naturalmente, também impossibilita eventuais compromissos entre os grupos. Por exemplo, se pensarmos na direita e na esquerda, mas pode haver outros grupos. Infelizmente, aquilo que temos visto nos contextos políticos, não só no nacional, mas noutros, é que parece haver uma tendência cada vez maior para usar a polarização como arma política.

E parece haver uma espécie de um esvaziar em algumas questões ao centro e a colar partidos aos extremos para ganhar dividendos. Ou seja, isto é uma espécie de uma estratégia, se é bem-sucedido eleitoralmente ou não, não sei, mas encosta-se determinadas propostas aos extremos, ou dá-se maior visibilidade aos extremos para depois, eventualmente ter ganhos eleitorais.

Comentários
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  • Timbo Castipe
    05 abr, 2024 Lisboa 11:51
    É muita asneira num único artigo... A liberdade de expressão se dá pelo fato das pessoas poderem se expressar livremente: contra ou a favor de um tema. A própria "vachinação" contra o covid é um excelente tema. Não tomei "vachina" e nunca vou tomar. As próprias fabricantes alertaram sobre a eficácia das mesmas, além de chamarem de experimento e não "vachina". Não levar isto ao público é faltar com a verdade; campanha de desinformação. Outros temas como sexualização infantil, guerras UK X RU, hamas X Israel é tomada de desinformação. Nunca ouvi na mídia que o maior propósito do hamas (em letras minúsculas por se tratar de uma bando de parvos) é eliminar o povo judeu da face da terra. Ninguém fala que em Israel há tolerância religiosa, Agora vá para Paalestina, Irão, Síria e diga em alta voz que é protestante, cristão, católico... Você mal termina a frase... A campanha de desinformação é gerada pela própria mídia. Até o fato de ter filtro para saber se este comentário, se pode ou não ser exibido, é uma censura.
  • ze
    04 abr, 2024 aldeia 18:45
    Os "Riscos sérios para a democracia" passa por os politicos não falarem a verdade ao povo,pois a verdade custa votos, passa pela impunidade de politicos na justiça, passa por não haver uma justiça célere, o arrastar por anos de processos até se atingir o seu tempo de arquivamento, passa pelo crescendo da corrupção, do enriquecimento ilicito,passa pelos compadrios,pela atribuição de lugares chaves entre quem exerce ou exerceu lugares na politica.passa por a informação social não ser isenta,dar noticias á la carte de quem manda ou tem poder,passa por o país não se desenvolver, não acompanhar o ritmo dos da frente, passa por o povo que trabalha estar sufocado em impostos,taxas e tachinhas, a bem de alguns,que cada vez são mais.Istó é o perigo quando a democracia não é exercida a bem de todos.Há um ditado popular que diz:Quem não se sente,não é filho de boa gente.

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