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Chega fica isolado na acusação ao PR de "traição à pátria"

15 mai, 2024 - 12:25 • Manuela Pires

O debate de urgência foi marcado pelo Chega para discutir as declarações do Presidente da República sobre as reparações às antigas colónias. O governo anuncia cursos na Universidade de Tétum e Crioulo.

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O Chega acabou por ficar isolado no debate de urgência que André Ventura marcou para discutir as declarações de Marcelo Rebelo de Sousa sobre a reparação às antigas colónias. Alguns partidos até podem criticar a atitude do Presidente, mas sobem o tom de voz da contestação ao Chega que acusa Marcelo de traição à pátria.

André Ventura referiu que o debate não era sobre a proposta que o partido entregou no parlamento, mas foi ele a chamar o tema para discussão ao considerar que as declarações do presidente “representam uma profunda traição sem paralelo” na história portuguesa.

A deputada do PSD Regina Bastos fala em aproveitamento político por pare do Chega.

“Não foram as declarações do Presidente da República que criaram um tumulto mediático. Quem o criou e continua a alimentar foi mesmo o aproveitamento político que delas foi feito”, acusou a deputada Social democrata.

Já Pedro Delgado Alves, do partido socialista criticou “mais uma busca desesperada de atenção” e acusou o Chega de “falta de noção e falta de respeito pela inteligência" do parlamento e do país.

“Este agendamento não tem um pingo de urgência. Urgência seria, se calhar, marcar um debate sobre a criança nepalesa agredida numa escola em Lisboa” referiu o deputado socialista.

Paulo Núncio do CDS considerou que “esta iniciativa é politicamente insana, juridicamente ignorante e institucionalmente infantil”.

Rui Rocha da Iniciativa Liberal considerou esta intenção do Chega uma reação histérica considerando que André Ventura “é jurista e tem obrigação de saber da absoluta falta de fundamento do que pretende fazer”.

Joana Mortágua do Bloco de Esquerda disse que se fosse levada a sério a queixa do Chega “o Presidente arriscaria 10 anos de prisão” perguntando se essa “é a pena para quem tem uma opinião diferente” do Chega.

Pelo PCP, António Filipe considerou que este debate só serve para o Chega “ter mais umas horas de tempo de antena nas televisões” e para desviar dos problemas do país.

Rui Tavares, do Livre, disse que os termos usados pelo Chega “indicam um total desrespeito e ignorância sobre a história de Portugal”.

Apesar do governo já ter anunciado que não havia qualquer diligencia em curso para a reparação às antigas colónias, André Ventura questionou o governo e Paulo Rangel voltou a dizer que isso nºão vai acontecer.

“Não haverá qualquer processo ou programa de ações específicas com o propósito de reparar outros estados pelo passado colonial português” garantiu o Ministro dos Negócios Estrangeiros.

Na intervenção no debate, Paulo Rangel diz que o governo cultiva a reconciliação e não o ressentimento.

“São muitos os que querem que essas reparações se baseiem no ressentimento. O Governo português, os governos portugueses, não cultivam nem instigam o ressentimento. Cultivam o respeito mútuo e a reconciliação com a História, lá onde ela se imponha e justifique”, referiu o ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros.

Paulo Rangel revelou aos deputados que os ministérios dos negócios estrangeiros e da educação estão a trabalhar para criar cursos de tétum e crioulo nas faculdades de letras do país.

“Estas línguas são um tesouro cultural da nossa história comum, têm uma enorme influência da língua portuguesa que está por investigar, por estudar e por divulgar. É este o sinal que queremos deixar aos portugueses, à Assembleia da República e aos povos irmãos falantes de português”, disse Paulo Rangel.

Comentários
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  • ze
    15 mai, 2024 aldeia 15:48
    Depois de ouvir o que se passou,apenas posso dizer que como português,tenho orgulho e gosto do meu país, e lamento a maioria dos "deputados eleitos"que quando se fala de Portugal e da sua História,uns riem,outros fazem tudo menos ouvir, e outros mostram que estão-se borrifando para o país ,apenas o seu ego mediocre e o gosto pelos seus "tachinhos".Ainda bem que houve alguém que colocou o dedo na ferida e falou com Verdade. nota:também me estou borrifando se o meu comentário é publicado ou não, pois esta comunicação social é muito pouca isenta, e pende apenas par um lado.
  • António dos Santos
    15 mai, 2024 Coimbra 15:11
    Estes palhaços querem fazer crer e limpar a porcaria que os portugueses fizeram quando estiveram em África. Quem é que acredita que foi com dinheiro do Portugal continental que se fizeram as obras emblemáticas, nas províncias ultramarinas, bem pelo contrário, os portugueses é que fizeram obras emblemáticas com o dinheiro das províncias ultramarinas. Portugal e os portugueses que para lá foram é que exploraram os bens dos africanos. No fim do colonialismo é que os portugueses (retornados), que lá estiveram a explorar fugiram para o continente e vieram explorar ou roubar os portugueses de cá.

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