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Caça ao homem. Quem é "A Mosca" que se tornou o inimigo número em França?

16 mai, 2024 - 16:53 • Marta Pedreira Mixão

Mohamed Amra é conhecido como "A Mosca", tem 30 anos e estava a ser transportado de uma audiência em Rouen para uma prisão em Evreux quando a carrinha prisional foi emboscada.

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Em França, continuam as buscas para encontrar Mohamed Amra, conhecido como "A Mosca", que se encontra em fuga, depois de a carrinha prisional que o transportava ter sido alvo de uma emboscada na terça-feira. Um carro bateu de frente na carrinha de segurança assim que o veículo passou numa portagem e homens armados com metralhadoras dispararam sobre o veículo, matando dois guardas prisionais e ferindo outros três gravemente.

A emboscada ocorreu na portagem da autoestrada A154, em Val-de-Reuil, na Normandia. Os cinco homens fugiram em dois carros que, mais tarde, foram encontrados abandonados e queimados.

Agora, de acordo com o "Le Monde", 350 polícias levam a cabo a caça ao homem daquele que se tornou o "inimigo público número um" de França e dos quatro homens armados, que continuam a monte depois do ataque.

A pedido das autoridades francesas, também a Interpol – Organização Internacional de Polícia Criminal emitiu, na quarta-feira, um mandado de captura internacional – "Alerta Vermelho" – para Mohamed Amra. Este alerta, que assinala pessoas consideradas fugitivas, é enviado a todas as forças policiais do mundo. O alerta vermelho da Interpol identificava-o como suspeito de "aquisição, detenção, transporte, oferta ou eliminação de estupefacientes".

Num momento em que a pressão para encontrar os fugitivos é grande, depois deste ataque violento, o primeiro-ministro francês, Gabriel Attal, assegurou no Parlamento que eles "vão pagar": "Estamos a seguir-vos, vamos encontrar-vos e vamos castigar-vos."

O ministro do Interior francês, Gerald Darmanin, garantiu que foi mobilizado um dispositivo "sem precedentes" composto por centenas de agentes para estas buscas. O caso foi entregue aos procuradores do gabinete francês de luta contra o crime organizado – JUNALCO (National Jurisdiction against Organised Crime).

Quem é "A Mosca", o "inimigo público número um" francês?

Mohamed Amra é conhecido como "A Mosca", tem 30 anos e estava a ser transportado de uma audiência em Rouen para uma prisão em Evreux quando a carrinha prisional foi emboscada. Segundo o "Le Parisien", Amra nasceu em Rouen, no norte de França.

O fugitivo tem um longo registo criminal, com pelo menos 13 condenações anteriores por várias infrações menores — como condução sem carta, roubo e outras — e, segundo a procuradora de Paris, Laure Beccuau, a sua primeira condenação ocorreu em 2009, quando tinha apenas 15 anos.

Beccuau afirmou ainda que a maioria das suas condenações foram proferidas por tribunais do norte de França, mas que também cumpriu pena em Paris e Marselha, e que que muitas das suas condenações foram por roubo. "Até à data, o seu registo criminal não menciona qualquer condenação por infrações relacionadas com drogas", acrescentou.

Fontes policiais afirmaram que Amra é um traficante de droga de nível médio que tinha ligações a um poderoso gang de Marselha, conhecido como "Blacks".

Amra tinha sido condenado pelo tribunal de Évreux a 18 meses de pena por roubos agravados a supermercados e lojas, entre agosto e outubro de 2019, e estava detido na prisão de Val de Reuil. O fugitivo estava também a ser investigado em vários processos. Segundo os procuradores, tinha sido indiciado por "um rapto que levou à morte" e era suspeito de ter ordenado um homicídio a 17 de junho de 2022.

Segundo o "Le Figaro", um dos casos, que esta a ser investigado desde janeiro de 2022 pelo Tribunal Judicial de Rouen, é por "tentativa de extorsão com arma, tentativa de homicídio e posse de arma de categoria B". Outro caso que está a ser investigado, este desde setembro de 2023 e pelo Tribunal Judicial de Marselha, é a suspeita de "homicídio em grupo organizado, rapto e tomada de reféns e participação numa associação criminosa com vista à prática de um crime".

Em entrevista à BFM TV, Emmanuel Baudin, um líder sindical e guarda prisional, relatou que Amra tinha tentado fugir "há dois ou três dias, serrando as barras da cela". Apesar desta tentativa, não era um prisioneiro de segurança máxima e a sua deslocação na terça-feira foi realizada com uma escolta de nível 3, ou seja, de cinco guardas prisionais.

O "Le Parisien" refere que as identidades dos criminosos que realizaram a emboscada ainda são ainda desconhecidas, mas que Amra tem uma vasta rede de contactos no mundo da droga na Normandia.

Quem são as vítimas do ataque?

Segundo o ministro da Justiça francês, Eric Dupond-Moretti, os agentes mortos durante o ataque foram os primeiros guardas prisionais que morreram no cumprimento do dever desde 1992. As vítimas da emboscada em Eure são Fabrice Moello, de 52 anos, e Arnaud Garcia, de 35 anos.

Os dois homens eram naturais de Caen.


Fabrice Moello era casado e tinha dois filhos, enquanto Arnaud Garcia "deixou a esposa grávida de cinco meses", segundo o ministro.

O que se sabe da investigação?

Um dos veículos utilizados na emboscada tinha sido roubado alguns dias antes e chocou de frente com uma das carrinhas de transporte prisional. Na sequência do embate, homens armados saíram do veículo e foram apoiados por outros dois homens que saíram de um Audi, que seguia atrás da carrinha de transporte, antes de abrirem fogo contra as duas carrinhas. De acordo com as investigações, "A Mosca" e os seus cúmplices deixaram a autoestrada após o ataque e terão seguido por uma estrada secundária.

De acordo com Laure Beccuau, os dois veículos usados na emboscada foram encontrados, na zona rural da Normandia, em Houetteville, já incendiados e estão agora a ser submetidos a exames forenses.

O grupo terá seguido num terceiro veículo, um Audi Q5.

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