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O rock e os amigos. Do ambiente.

29 mai, 2013 • José Pedro Frazão e Pedro Marques e Silva

Painéis fotovoltaicos para a produção de energia eléctrica, casas de banho compostáveis e copos de plásticos reutilizáveis são soluções cada vez mais utilizadas para minimizar o impacto ambiental.

As produtoras de festivais estão a apostar cada vez mais na sustentabilidade ambiental, uma forma diferente de afirmar a preocupação com o impacto de festivais que movimentam milhares de pessoas em vários pontos do país.

Nuno Sequeira, presidente da Quercus, diz que essa preocupação é cada vez mais evidente. “Temos bons exemplos de festivais que têm tido preocupações ambientais para minimizar esse impacto, em termos de produção de energia renovável e utilização de materiais reciclados”, afirma.

Ainda assim, para o presidente daquela associação ambiental, são os festivais mais pequenos que estão a dar cartas. “Os festivais de menor dimensão, como o “Boom Festival”, o “Andanças”, e o “Burra e Gaiteiro”, são eventos que conciliam a divulgação musical e cultural, acabando por se tornar mais multifacetados, e onde se encontram práticas ambientais muito interessantes”, alerta o ambientalista.

Entre alguns dos exemplos apontados por Nuno Sequeira, destacam-se os transportes colectivos envolvidos nos recintos dos festivais, a reciclagem dos resíduos, os painéis fotovoltaicos para a produção de energia eléctrica, as casas de banho compostáveis e os copos de plásticos reutilizáveis. No entanto, na organização de festivais maiores, há também preocupações assumidas pelo ambiente.

De tema da moda a obrigação de inteligência
Há quem tenha cruzado as duas áreas. O advogado José Eduardo Martins, ex-secretário de Estado do Ambiente, é também agora um dos sócios do Primavera Sound. São esperadas cerca de 25 mil pessoas por dia, entre amanhã e sábado, no Parque da Cidade, no Porto. Um amplo espaço verde, ecologicamente sensível, que obriga a organização a tomar cuidados especiais com a produção do evento.

A preparação e organização do “Primavera Sound” envolvem cuidados redobrados e uma intervenção mínima. “Quem esteve no ano passado e visitou o parque um ou dois dias depois do evento, verificou uma diferença nula. A vegetação recuperou totalmente.", diz José Eduardo Martins.

O organizador realça ainda que “o festival não é um encontro de brindes, mas sim de música”, daí que o impacto comercial e publicitário seja reduzido naquele local. “ A maior parte das implantações e ‘stands’ das marcas e patrocinadores, construídas sobre o relvado do recinto, são feitas em madeira, materiais reciclados e especialmente projectadas para o local”, sublinha.

O sócio do Primavera revela que o evento conseguiu reduzir o volume de lixo produzido, graças à colaboração da Lipor, que garante a separação dos resíduos. Uma das inovações promovidas pela organização para reduzir a produção de detritos foi a comercialização de copos de vinho, reutilizáveis, que o espectador conserva à medida que o vai reabastecendo. “É possível terminar os espectáculos e ter duas horas depois, o parque pronto para mais um dia de concertos”.

Todos os meios de locomoção dentro do recinto são eléctricos e o parceiro energético (EDP) fez um esforço no sentido de encontrar equipamentos eficientes, que minimizassem o impacto ambientar no meio envolvente.

Os festivais estão a ficar mais ecológicos ? “A cidadania gera uma pressão que faz com que as questões de sustentabilidade não sejam tratadas como moda, mas sim como uma obrigação de inteligência”, remata o organizador de um dos principais festivais de Verão em Portugal.