O abalo da saída do ministro não justifica a proposta de eleições do PS. Apenas haveria maior decepção. No Governo, a nova ministra tem sido injustamente acusada no caso dos “swap”.
A saída do ministro das Finanças é, naturalmente, um abalo para o Governo. Vítor Gaspar reconheceu ter cometido erros (o maior terá sido, creio, o atraso na reforma do Estado). Mas foi decisivo na recuperação da credibilidade externa de Portugal.
Esse abalo de modo nenhum justifica a proposta irresponsável do PS de ir, já, para eleições. Aliás, a política nem mudaria grande coisa se o PS fosse Governo – os socialistas já deveriam ter percebido que o essencial é ditado de fora, através da “troika”.
Apenas haveria maior decepção de quem acreditasse na visão cor-de-rosa que os socialistas transmitem, para ganhar votos.
A nova ministra das Finanças tem sido injustamente acusada no caso dos contratos “swap”. A verdade é que foi Maria Luís Albuquerque quem resolveu o problema, enquanto os que a acusam o criaram. E, ao contrário de Gaspar, ela conhece os vícios e os limites da máquina administrativa.
Será agora necessária uma liderança mais forte do primeiro-ministro, nomeadamente na efectiva coordenação do Governo. Caso contrário, teremos eleições, um novo resgate e mais austeridade.