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Muitos alunos podem perder apoio se entregarem livros em mau estado

31 jul, 2013 • Fátima Casanova

Este é o primeiro ano de aplicação da bolsa de manuais escolares, uma aposta do Governo que pode deixar muitos alunos sem apoio para os livros do próximo ano lectivo.

Há muitos alunos a beneficiar de acção social que podem perder a comparticipação para comprar os livros escolares no próximo ano lectivo. Isto porque este ano o Governo determinou que os alunos têm de devolver os livros. Quem não entregar os manuais em bom estado ou os perder fica sem o apoio. Os directores têm até ao final do dia desta quarta-feira para preencher os dados na plataforma e não estão muito optimistas.

No agrupamento de escolas de Cinfães, o estado dos livros devolvidos não é o melhor e muitos deles “não vão poder ser utilizados”. O director Manuel Pereira explica que esta situação deve-se ao facto de muitos desses alunos serem obrigados a fazer “vários quilómetros diariamente, vivem em casas com poucas condições, têm poucas condições de trabalho para usar os livros e, normalmente, faz com que os livros fiquem deteriorados”.

De modo que, “muitos destes livros não estarão em condições para poderem ser usados por outros colegas que comecem do início”, lamenta.

Também no agrupamento de escolas de Carcavelos, mais de metade dos alunos que beneficiam da acção social escolar não devolveu os livros em bom estado. “Estamos a falar à volta de 300 alunos subsidiados e 46% dos alunos não conseguiram devolver os livros em condições reutilizáveis”, diz Adelino Calado.

O director deste agrupamento lamenta, contudo, que esta situação seja “penalizante” para os alunos e considera que “poderia ter sido dado mais um tempo e que não fossem já penalizados este ano”.

Adelino Calado, também dirigente da Associação Nacional de Directores e Agrupamentos de Escolas Públicas, afirma que o modelo agora defendido pelo Ministério da Educação é complicado do ponto de vista administrativo e dá um exemplo: “Um aluno tem direito a 100 euros e vou-lhe atribuir um manual que tinha sido entregue este ano e que tinha sido reutilizado, cujo valor de capa é 20 euros, por exemplo, eu atribuo-lhe esse livro e desconto esse valor aos 100 euros que ele tinha que receber”.

O problema, explica, “é que os valores dos livros de capa são muito variáveis”, a situação tem de ser analisada “aluno a aluno” e “vai ser muito complicado a nível administrativo”.

Este é o primeiro ano de aplicação da bolsa de manuais escolares, uma aposta do Governo que pode deixar muitos alunos sem apoio para comprar os livros do próximo ano lectivo. A Renascença contactou o Ministério de Nuno Crato que não quis fazer qualquer comentário.