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Polícias prontos para nova manifestação frente ao Parlamento

17 dez, 2013

Sindicatos criticam políticas do Governo, que consideram estar a “destruir não só a dignidade profissional”, mas a “degradar a qualidade da segurança pública".

Os sindicatos policiais ameaçam realizar uma nova manifestação, que poderá voltar a ser frente à Assembleia da República, em Lisboa, "caso o Governo não dê uma resposta" às suas reivindicações.

A posição foi transmitida esta terça-feira pelo secretário-geral da Comissão Coordenadora Permanente (CCP) dos Sindicatos e Associações dos Profissionais das Forças e Serviços de Segurança, Paulo Rodrigues, no final de um encontro regional realizado no Porto.

"Este encontro foi agendado no seguimento da manifestação de 21 de Novembro, estando previsto outros em Coimbra, Faro e Lisboa, ainda sem data marcada", disse o mesmo dirigente.

Os encontros têm por objectivo "fazer o balanço" dos motivos daquela manifestação e analisar as eventuais respostas do Governo e perceber se os profissionais estão disponíveis para novas acções de protesto e "para eventualmente estarem numa nova manifestação", explicou Paulo Rodrigues.

"Deste encontro regional percebemos que os profissionais estavam à espera de respostas do Governo, mas não há respostas do Governo. Apenas tivemos uma reunião com o PSD, na semana passada, que agendou uma nova reunião para Janeiro, no sentido de poder ser mais concreto naquilo que nos vão propor", informou.

"Por parte do Governo, não temos, até ao momento, nada", continuou Paulo Rodrigues. Face ao alegado silêncio governamental, "os profissionais legitimaram a Comissão Coordenadora Permanente para continuar nas acções de protesto e agendar eventualmente uma nova manifestação".

O sindicalista disse que "o espírito é de continuar a lutar, de continuar nas acções de protesto", porque os profissionais do sector "entendem que esta política que está definida vai destruir não só a dignidade profissional, [mas também] o funcionamento das instituições policiais e degradar a qualidade da segurança pública".

"Ou se mudam as políticas para a segurança pública ou então teremos uma pior qualidade de segurança e menos paz social e vamos ter muitas mais dificuldades em conseguir responder às necessidades dos cidadãos em matéria de segurança", especificou o dirigente sindical.

Paulo Rodrigues explicou depois que uma nova manifestação de polícias pode ter lugar em frente à Assembleia da República, tal como a de 21 de Novembro, porque "esta Comissão Coordenadora tem profissionais que são tutelados por quatro ministérios".

"A Assembleia da República é a casa da democracia e é aí que nós reclamos do Governo respostas", argumentou Paulo Rodrigues, admitindo a "possibilidade" de o novo protesto se realizar outra vez junto ao Parlamento.

A CCP admitiu "nem realizar todos os encontros regionais" e avançar mais cedo para a manifestação, que hoje recebeu luz verde, "se o Governo continuar a não dialogar" com os sindicatos. "Depende muito daqui, qual vai ser a resposta do Governo", completou.

Novembro quente
Milhares de profissionais de forças e serviços policiais e de segurança - PSP, GNR, SEF, ASAE, polícia marítima, guardas prisionais, polícia municipal e PJ - manifestaram-se a 21 de Novembro junto ao Parlamento, em Lisboa. Durante o protesto, derrubarem uma barreira policial e conseguiram chegar à entrada principal da Assembleia da República, onde cantaram o hino nacional. Depois, desmobilizaram voluntariamente.

A polícia de choque recuou durante o avanço dos manifestantes e não carregou sobre os colegas de trabalho, que pediram a demissão do Governo. Num protesto sem paralelo, as forças de segurança contestaram os cortes previstos nos vencimentos e nos orçamentos das instituições policiais.

No dia seguinte ao protesto, a 22 de Novembro, o ministro da Administração Interna classificou como "absolutamente inaceitáveis" os acontecimentos que motivaram a invasão da escadaria do Parlamento, garantido que "foi uma excepção que não voltará a repetir-se".

Três dias depois, a 25, Miguel Macedo voltou a dizer publicamente que a invasão da escadaria da Assembleia da República pelos polícias em manifestação faz "parte da história", garantindo que "não pode nem vai repetir-se".

Estes acontecimentos motivaram o pedido de demissão do director nacional da PSP, Paulo Valente Gomes, que já foi substituído no cargo pelo superintendente Luís Peça Farinha, que era até aqui comandante da UEP.