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Cáritas deixa apelo em dia de entrega do Orçamento. “Mais sacrifícios? Agora só o martírio”

15 out, 2013

Eugénio da Fonseca pede ao Governo que avance finalmente com a contenção da despesa pública. "Parafraseando o presidente do Tribunal de Contas, vamos ter mais sobriedade em Portugal, mas já basta de austeridade."

Com o prazo para a entrega da proposta de Orçamento do Estado para 2014 a terminar, a Cáritas apela ao Governo para que evite mais medidas de austeridade. “Não sei que mais violência se pode exercer, a partir deste instrumento orçamental, sobre os portugueses, porque já têm sido tão violentados. Agora só o martírio”, considera Eugénio da Fonseca.

O dirigente da Cáritas defende que o documento deve apostar mais no corte da despesa.

“Apelo que o orçamento vá no sentido daquilo que temos vindo a apelar, na contenção da despesa pública, na reorganização do aparelho de Estado, que está prometido há tanto tempo e nunca mais surge, e que não se vá mais para cortes nos rendimentos das famílias.”

A insistência nos cortes na função pública pode, segundo Eugénio da Fonseca, produzir efeitos contrários aos pretendidos, através da desmotivação dos funcionários. “Já tenho assistido a tantas incidências de cortes nos já tão martirizados funcionários públicos que tenho receio que haja depois uma desmotivação de tal modo que tenhamos uma administração pública inoperante, desmotivada, que não colabore no desenvolvimento do país. Parafraseando o presidente do Tribunal de Contas, vamos ter mais sobriedade em Portugal, mas já basta de austeridade”.

O Governo entrega esta terça-feira, data limite inscrita na lei, a proposta de Orçamento do Estado para 2014 na Assembleia da República. As medidas visam reduzir o défice para 4%, tal como acordado com a “troika”. O documento será entregue entre as 18h e as 18h30.

A meta vai traduzir-se num aperto orçamental de cerca de 2,5 mil milhões de euros.