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Estaleiros de Viana passam para a Martifer. “Críticos ainda vão aplaudir”

10 jan, 2014

À porta das instalações, os trabalhadores mostram preocupação. Hoje saem mais 109. No Parlamento, os partidos da maioria chumbam a criação de uma comissão de inquérito ao processo de concessão.

Estaleiros de Viana passam para a Martifer. “Críticos ainda vão aplaudir”
João Magalhães, 28 anos, rapper vianense, tem os Estaleiros de Viana no código genético da família. Descontente com a reprivatização da empresa, AgaH2O fez um tema hip-hop para protestar contra os planos do Governo.
É assinado esta sexta-feira, no forte de São Julião da Barra, em Oeiras, o contrato de subconcessão dos Estaleiros Navais de Viana do Castelo à empresa Martifer. O ministro da Defesa mostra-se confiante na decisão e dá garantias de futuro.

“Daqui a cinco anos, muitos dos que estão hoje a criticar, vão certamente aplaudir esta decisão”, afirmou Aguiar Branco na última noite, no Porto.

“Há quem esteja sempre preocupado em manter os problemas e há quem esteja sempre focalizado em encontrar soluções. O nosso caso é o segundo. Quero transmitir a palavra de esperança e de confiança de que vão ser criados postos de trabalho”, afirmou também.

Mas o sentimento é outro entre os trabalhadores. A Renascença esteve esta manhã à porta dos Estaleiros de Viana e sentiu o clima de expectativa e preocupação face ao futuro.

“O ambiente é triste de uma frustração enorme”, confirma um porta-voz da comissão de trabalhadores. “A comissão aproveita por parabenizar o Governo e o senhor Presidente da República por terem conseguido destruir esta empresa e lançado centenas de trabalhadores para o desemprego”, acrescenta Abel Viana.

A comissão de trabalhadores foi convidada para estar presente na cerimónia que vai decorrer no forte de São Julião da Barra, mas recusou o convite. O autarca de Viana do Castelo, José Maria Costa, vai marcar presença.

Hoje, assinam contratos de rescisão 109 trabalhadores, de acordo com números avançados pela administração.

Maioria não tem medo, mas chumba comissão de inquérito
No mesmo dia em que é assinado contrato de subconcessão dos Estaleiros Navais de Viana do Castelo, vai ser chumbada, no Parlamento, a proposta do PCP para a criação de uma comissão de inquérito ao processo.

“Não temos nenhum medo que a democracia, mesmo a parlamentar, funcione. Mas os partidos da maioria não vão acompanhar o PCP na proposta que formulou, porque esse esclarecimento está a ser feito, por um lado, e por outro porque os inquéritos parlamentares devem fazer-se mas não devem banalizar-se e sejam transformados em discussões políticas”, justifica o líder parlamentar do PSD, Luís Montenegro.

A proposta comunista foi apresentada na quarta-feira. “Quem não deve não teme”, foi o que alegou a deputada Carla Cruz, adiantando que, caso a comissão não seja criada, não é de descartar avançar para um requerimento potestativo.