Presidente do BPI

"Não recebo lições sobre sensibilidade social"

05 fev, 2013

Em causa está a seguinte afirmação de Fernando Ulrich: "Se você andar aí na rua, infelizmente encontramos pessoas que são sem-abrigo. (...) Se aquelas pessoas que nós vemos ali na rua, naquela situação e a sofrer tanto, aguentam, porque é que nós não aguentamos?".

"Não recebo lições sobre sensibilidade social"
As declarações do presidente do BPI sobre os sem-abrigo e as dificuldades geradas pela austeridade chegaram ao Parlamento. Depois de questionado pelo deputado socialista João Galamba a este propósito, Fernando Ulrich garantiu que não quis faltar ao respeito a ninguém e sublinha que não recebe lições de moral. Em causa está a seguinte afirmação de Fernando Ulrich: "Se aquelas pessoas que nós vemos ali na rua, naquela situação e a sofrer tanto, aguentam, porque é que nós não aguentamos?".

As declarações do presidente do BPI sobre os sem-abrigo e as dificuldades geradas pela austeridade chegaram ao Parlamento. Depois de questionado pelo deputado socialista João Galamba a este propósito, Fernando Ulrich garantiu que não quis faltar ao respeito a ninguém e sublinha que não recebe lições de moral.

"Não consigo entender todo este alarido à volta dessa questão. Não recebo lições sobre sensibilidade social ou preocupação com os outros. O que tinha a aprender nessa matéria aprendi em casa com a minha família, aprendi na escola e aprendi com a Igreja Católica e já tenho idade suficiente e um percurso de vida. Não era agora que precisava de ir aprender sobre isso. Não recebo lições nessa matéria. Não tive nenhuma intenção de ofender ninguém. Pelo contrário, a minha intenção foi mostrar respeito", refere.

Fernando Ulrich considera que as afirmações que fez sobre sem-abrigo e a capacidade dos portugueses aguentarem sacrifícios foram "absolutamente banais" e diz que não tem de pedir desculpa a ninguém. "Fiz afirmações absolutamente banais e não vejo porque alguém se choca com elas. Quando disse o que disse, nomeadamente sobre os sem-abrigo (...), na minha cabeça era um sinal de respeito pelas pessoas que têm que viver nessa situação tão dramática", sublinha.

Em causa estão declarações de Fernando Ulrich proferidas na semana passada. Na altura, o banqueiro afirmou o seguinte: "Se você andar aí na rua, infelizmente encontramos pessoas que são sem-abrigo. Isso não lhe pode acontecer a si ou a mim porquê? Isso também nos pode acontecer. E se aquelas pessoas que nós vemos ali na rua, naquela situação e a sofrer tanto, aguentam, porque é que nós não aguentamos? Parece-me absolutamente evidente".

O banqueiro já se tinha envolvido numa outra polémica a 30 de Outubro de 2012. O presidente executivo do BPI disse então que, "apesar de não gostarmos", Portugal pode suportar ainda mais austeridade. "O país aguenta mais austeridade? Ai aguenta, aguenta", referiu. Na semana passada, Ulrich quis explicar o que pretendia dizer com o "ai aguenta, aguenta" e acabou por despoletar mais controvérsia com a referência aos sem-abrigo.

O que o Estado ganha com a ajuda ao BPI
Fernando Ulrich, que esteve a ser ouvido na comissão parlamentar do Orçamento, anunciou que, até ao final do ano, o Estado vai encaixar 85 milhões de euros com a ajuda dada ao BPI com o dinheiro da "troika".

"Esses fundos custam ao Estado português em média 3,4% ao ano. Como o Estado português cobra ao BPI 8,5% no primeiro ano - depois até aumenta -, está a receber uma margem de 5,1% para remunerar o risco do investimento no BPI", afirmou.

"Considerando a margem referida e os capitais que estiveram em dívida entre 29 de Junho e 31 de Dezembro de 2012, o Estado português ganhou até final do ano 33 milhões de euros - foi aquilo que recebeu a mais. Em 2013, admitindo que o BPI procede a este reembolso adicional de 200 milhões de euros no final do mês de Fevereiro, o Estado português ganhará mais 52 milhões de euros", acrescentou.

[notícia actualizada às 19h14]