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Mais área ardida, mais incendiários detidos

28 set, 2012 • Celso Paiva Sol

Renascença confirmou os dados: até agora foram detidas 57 pessoas, com idades entre os 17 e os 75 anos.

Mais área ardida, mais incendiários detidos

Se a área ardida é este ano 150% superior ao ano passado, também os detidos por suspeita de fogo posto são, até ao momento, o dobro do que havia na mesma altura de 2011.

Até esta sexta-feira já foram detidas 57 pessoas, contra 28 do ano passado. Estão ainda em curso na Polícia Judiciária mais de 1300 inquéritos.

Entre os 57 detidos há quatro mulheres. O detido mais jovem tem 17 anos e o mais velho 75. Vinte estão desempregados e 13 são trabalhadores agrícolas.

Nas justificações apontadas para os crimes cometidos, lideram os motivos fúteis que vão desde as desavenças familiares até ao prazer de observar os meios de combate, seguidos do consumo de álcool e de perturbações psíquicas de vária ordem.

Cristina Soeiro, psicóloga da Polícia Judiciária que há uma década e meia estuda o historial e comportamento dos incendiários, diz que o ano não traz alterações significativas ao padrão dos últimos anos.

Continuam a existir três tipos de pessoas que ateiam fogos propositadamente.

“Há um perfil que continua a ser mais frequente que tem muito a ver com os indivíduos com história clínica. Muitas vezes é um comportamento que eles também não sabem explicar porque é que fizeram, tem muito a ver com pessoas que estão isoladas socialmente, têm poucos recursos, têm problemas ao nível das doenças mentais ou problemas de consumo de álcool e, às vezes, nem conhecem o dono do terreno. Depois temos os incêndios já com outro tipo de carácter em que o indivíduo sabe exactamente o que fez, por exemplo, por partilhas e temos um último perfil que resulta do lucro ou do benefício: a pessoa que incendeia para limpar o espaço”, disse.

Curioso é que este ano apenas 17 dos 57 detidos ficou em prisão preventiva, um número que é bastante mais baixo do que em anos anteriores.

Os juízes parecem optar este ano pela obrigação de apresentações periódicas às autoridades – em 21 casos - sendo que também houve três internamentos hospitalares e dois casos de prisão domiciliária com pulseira electrónica.

Feitas as contas, 14% dos detidos este ano já tinham antecedentes criminais, a maior parte deles, pelo mesmo tipo de crime.