23 jun, 2014 • Daniel Rosário
A semana ficará marcada pela reunião do Conselho Europeu que, na sexta-feira, deverá escolher o sucessor de Durão Barroso à frente da Comissão Europeia.
Depois de vários avanços e recuos, tudo indica que o escolhido será Jean-Claude Juncker, o ex-Primeiro-ministro do Luxemburgo e candidato do Partido Popular Europeu à presidência da Comissão.
A designação de Juncker que, depois, ainda terá que obter o apoio do Parlamento Europeu, deverá fazer parte de um pacote para a repartição de outros cargos institucionais, como a presidência do Conselho Europeu e a chefia da diplomacia da União.
Uma das dúvidas que subsiste em relação a esta discussão é o papel que o Reino Unido irá desempenhar. David Cameron fez uma campanha violentíssima contra Juncker ao longo das últimas semanas, mas acabou por perceber-se que o Primeiro-ministro britânico estava praticamente isolado nesta guerra.
Tradicionalmente esta é uma decisão tomada por consenso entre os líderes dos 28 países. Mas, caso Cameron continue entrincheirado na sua posição, será a primeira vez que o assunto se resolve através de uma votação. E, aí, o Reino Unido não dispõe de peso, nem de aliados suficientes para travar Juncker.
Ypres para não esquecer o que se passou há um século
A Cimeira arranca na véspera, dia 26 de Junho, na cidade belga de Ypres. Uma escolha simbólica, pois trata-se do 100º aniversário do assassinato do Arquiduque Francisco Fernando, do império austro-húngaro, o acontecimento que desencadeou os mecanismos que acabariam por levar a Europa à I Guerra Mundial. E Ypres foi precisamente um dos campos de batalha mais sangrentos deste conflito.
Pelo caminho, não faltarão certamente metáforas a associar a efeméride ao embate entre o Reino Unido e os demais parceiros europeus.
Outra decisão que deverá marcar o encontro dos Chefes de Estado e de Governo é a assinatura do Acordo de Associação com a Ucrânia, cuja rejeição pelo anterior presidente mergulhou aquele país numa profunda crise que o deixou à beira da guerra civil, onde ainda se encontra.
Esta decisão começará a ser preparada esta segunda-feira pelos Ministros dos Negócios Estrangeiros dos 28, que recebem no Luxemburgo o chefe da diplomacia de Kiev. Na agenda estará a análise da resposta russa ao plano de paz proposto pelas autoridades ucranianas.
Negociações com fim à vista
Entretanto, no Parlamento Europeu, termina esta segunda-feira o prazo para a formação dos grupos políticos da nova legislatura. A principal surpresa é os Liberais deixarem de ser a terceira maior família política, ultrapassados pelos Conservadores e Reformistas, um grupo com vários partidos eurocépticos e que reflecte de alguma forma o sentido das últimas eleições.
Para já está confirmada a existência de sete agrupamentos, os mesmos que na anterior legislatura. Uma das dúvidas que subsiste até ao último momento é sobre a capacidade de os partidos de extrema-direita conseguirem reunir o número de deputados e países necessários à formação de um grupo parlamentar.