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Ponte da JMJ. Petição contra nome de D. Manuel Clemente já pode ser debatida no Parlamento

13 ago, 2023 - 18:54 • Lusa

A homenagem ao cardeal é contestada pelos promotores da petição pública, que consideram uma ofensa ao bom nome das vítimas de abusos sexuais pela Igreja Católica.

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A petição que contesta o nome da ponte ciclopedonal Cardeal Dom Manuel Clemente, entre Lisboa e Loures, já recolheu mais de 7.800 assinaturas e poderá ser debatida no plenário da Assembleia da República.

A adesão crescente à petição "não surpreende", disse hoje à Lusa Tiago Rolino, um dos promotores da iniciativa que tem como objetivo levar a debate na Assembleia da República a decisão da câmara da capital de dar o nome do cardeal-patriarca Manuel Clemente à nova ponte ciclopedonal que liga os concelhos de Lisboa e Loures e que foi construída no âmbito da Jornada Mundial da Juventude (JMJ).

A homenagem ao cardeal é contestada pelos promotores da petição pública, que consideram uma ofensa ao bom nome das vítimas de abusos sexuais pela Igreja Católica, que a comissão independente que estudou os abusos estimou serem cerca de 4.800.

Em menos de 24 horas, o número de subscritores da petição pública passou de cerca de 1.000, no sábado ao final da tarde, para 7.817, pelas 18:00 de hoje.

"Não estamos surpreendidos com o alcance, porque sabemos que é uma luta justa, que não é pessoal, não é contra ninguém, mas é de proteção do bom nome das vítimas. É uma luta justa de toda a gente", disse Tiago Rolino.

No dia em que o Jornal de Notícias revelou que 93% dos contratos da JMJ foram feitos por ajuste direto, o promotor da petição pública acusou o presidente da Câmara Municipal de Lisboa, Carlos Moedas (PSD), de querer fazer "um ajuste direto de imagem e afirmação política" às custas de uma infraestrutura que liga dois concelhos e do nome das vítimas de abusos pela Igreja Católica.

"Não estamos surpreendidos com a adesão, porque a sociedade percebeu a importância destes movimentos. É uma causa de proteção dos mais elementares direitos humanos. Carlos Moedas quis fazer aqui um ajuste direto de imagem e afirmação política", afirmou.

Intitulada "Petição pela alteração do nome previsto para a ponte Lisboa/Loures no Parque Tejo", a petição foi lançada no sábado através da rede social X (antigo Twitter) por Telma Tavares, autora dos cartazes em memória das vítimas de abusos sexuais por membros da Igreja Católica que foram colocados em Lisboa, Loures e Algés durante a JMJ, que decorreu no início do mês.

Na petição é invocada "a suposta laicidade do Estado" e questionado se a atribuição do nome de Manuel Clemente à ponte "pode ser vista até como uma ofensa e/ou desrespeito pelas mais de 4800 vítimas de abuso sexual por parte da igreja em Portugal".

"Sendo a ponte um dos equipamentos que foi pago com recurso a dinheiros públicos, que todos os portugueses irão pagar com assinalável esforço, o mínimo exigível será que se homenageie quem tenha factualmente marcado a diferença ou sido autor de feitos que mereçam destaque no nosso município", lê-se no texto.

A petição é dirigida à câmara de Lisboa, mas tendo já recolhido mais de 7.500 assinaturas poderá ser apreciada pelos deputados em plenário da Assembleia da República.

Na sexta-feira, a Câmara Municipal de Lisboa anunciou que a nova ponte ciclopedonal que liga os concelhos de Lisboa e Loures, sobre o rio Trancão, na zona oriental da cidade, vai chamar-se Ponte Cardeal Dom Manuel Clemente. .

"É uma justa homenagem da cidade a um homem que deu tanto a Lisboa ao longo da sua vida", afirmou Carlos Moedas, citado num comunicado da autarquia.

Numa mensagem enviada à Lusa, Manuel Clemente agradeceu "a generosidade" do município e disse incluir no seu nome "todos quantos trabalharam na Jornada Mundial da Juventude".

Segundo a câmara de Lisboa, o nome da ponte foi comunicado ao presidente da autarquia de Loures, Ricardo Leão (PS), que considerou tratar-se de "uma boa opção e um justo reconhecimento".

Comentários
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  • Maria
    13 ago, 2023 Palmela 23:11
    Peticao? Que estupidez!
  • EU
    13 ago, 2023 PORTUGAL 21:14
    Em tempos, pedi ao Senhor Presidente da República que quando fala DO TODO Portugal, não se referisse a TODOS os Portugueses, pois eu não autorizei falar por mim. Aqui, vejo que foi dito " que TODOS os Portugueses vão pagar a ponte ". Não, não serão TODOS pois eu não pago aquilo que não compro, nem mando fazer. Não, não estou a brincar pois já tenho idade para não me meter em brincadeiras. Então porque RAZÃO estou aqui RR? Muitas vezes já disse que sou contra a VIOLÊNCIA e os ABUSOS são condenáveis. Mas será que OS ABUSOS só aconteceram na Igreja e PRINCIPALMENTE na Igreja Católica? Será que não houveram ABUSOS nas escolas primárias? Será que não houveram ABUSOS nas escolas secundárias, liceus e universidades? Será que não houveram ABUSOS nos quarteis militares?Será que não houveram ABUSOS nos bastidores dos teatros, televisões e rádios? Será que não houveram ABUSOS naqueles BAILES onde os MASCULINOS só entravam de GRAVATA VERMELHA? Será que não houveram ABUSOS dentro dos prédios em construção? Será que não houveram ABUSOS nas CASAS onde menores eram consideradas " SOPEIRAS "? Sim disse bem, pois refiro-me a " cozinheiras ou empregadas domésticas ". Vamos ser CORRETOS e deixar de ser FALSOS só porque é CHIQUE ou vantajoso. Perdoem-me, mas vejam quantos Seres Humanos são filhos de pais incógnitos. Nesses CASOS os consentimentos foram TODOS consentidos? Se as CASERNAS falassem, muito tinham a dizer. Quanto à ponte, façam como quiserem, pois eu NÃO PAGO.

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