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Montenegro diz que mudanças na administração pública "vão continuar" mas rejeita "purga"

15 mai, 2024 - 20:01 • Lusa

O líder do executivo ironizou, dizendo que o Governo está com uma média de "uma saída por cada 10 dias", atirando: "Vejam lá, somos de facto muito comedidos".

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O primeiro-ministro, Luís Montenegro, afirmou hoje que as mudanças em cargos da Administração Pública "vão continuar" mas rejeitou estar em curso "uma purga" com "critérios partidários", atirando às "resmas de demissões" no anterior executivo socialista.

"As mudanças que aconteceram claro que vão continuar a acontecer: mas estava à espera que viesse dizer o contrário?", disse Luís Montenegro, em resposta à líder parlamentar do Livre, no debate quinzenal, no parlamento.

Após críticas da deputada do Livre Isabel Mendes Lopes, que lembrou as recentes saídas da Provedora da Santa Casa da Misericórdia, Ana Jorge, ou do anterior diretor nacional da PSP, José Barros Correia, o primeiro-ministro acrescentou que não fará "nenhuma purga" na Administração Pública com critérios partidários, mas irá "fazer as mudanças necessárias para que as políticas do governo possam ser bem executadas e se possam repercutir no aumento de qualidade de vida dos portugueses e no cumprimento do programa do governo".

O líder do executivo ironizou, dizendo que o Governo está com uma média de "uma saída por cada 10 dias", atirando: "Vejam lá, somos de facto muito comedidos".

Montenegro fez de seguida uma comparação com o primeiro governo liderado pelo socialista António Costa.

"Em 2016, quando o PS iniciou funções, António Costa e todos os que o acompanharam no Governo, entre os quais Pedro Nuno Santos, houve 273 demissões de dirigentes sem concurso e nomeações no prazo de três meses, no início do mandato. Houve 28 nomeações em 15 dias. E seja na Segurança Social ou a Autoridade Tributária as mudanças foram às dezenas. Eu até estava aqui a ouvi-la e estava a pensar naquela personagem: perante resmas de demissões, agora quatro demissões valem tanto como centenas?", contrapôs.

Montenegro apontou que "com a mudança de Governo há muitos dirigentes da administração pública que tomam até a iniciativa de colocar o lugar à disposição", algo que disse que o Governo em alguns casos não aceitou, e sublinhou que o período de transição entre executivos "não é fácil".

Perante risos do deputado do Livre Rui Tavares, Montenegro atirou: "O senhor está a rir-se à gargalhada porque nunca teve essa responsabilidade. Mas quer ter e legitimamente. E vou-lhe dizer mais: por este andar vai ter porque o PS já não vai viver sem si nos próximos anos, essa é a minha convicção".

No início da sua intervenção, a líder parlamentar do Livre, Isabel Mendes Lopes, acusou o Governo de se comportar "com toda a arrogância de uma maioria absoluta" sem que tenha essa sustentação parlamentar e batizou o executivo de ser um "Governo de muitas demissões e poucas soluções".

Já depois da resposta do primeiro-ministro, o deputado do Livre Jorge Pinto abordou o tema da nova localização do aeroporto de Lisboa, questionando o Governo sobre "as contrapartidas", os "custos reais do aeroporto" e "os prazos" de construção.

"Que garantia é que nos consegue dar de que daqui a 10 anos não voltamos a discutir a construção do aeroporto e que não chegamos ao extremo de renomear o aeroporto de Luís de Camões para aeroporto de Santa Engrácia?", ironizou.

No final da intervenção de Jorge Pinto, o presidente da Assembleia da República deixou um reparo.

Minutos antes da intervenção do Livre, num outro momento do debate, o presidente do Chega tinha recusado qualquer aproximação ao PS, olhou para as bancadas do público e contrapôs: "O Chega tornou-se próximo dos portugueses".

Esta afirmação levou José Pedro Aguiar-Branco a advertir Ventura que "os deputados falam para outros deputados e não para as galerias" do público.

Retomando esse tema, já depois de ter consultado o Regimento, José Pedro Aguiar-Branco lembrou que o artigo 89 estabelece que "os oradores dirigem-se ao presidente e à Assembleia" e apontou que Jorge Pinto, no início da sua intervenção, se dirigiu aos "concidadãos nas galerias", cumprimentando-os.

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  • Anastácio José Marti
    16 mai, 2024 Lisboa 09:16
    Era conveniente que o Primeiro Ministro dissesse ao país que mudanças serão essas e se serão para melhor ou para pior, pois há muito tempo que a Administração pública está podre de ter tantos e tantas asiladas politicas nela infiltrados sem nada a darem ao país mas, apenas e só, servindo-se do mesmo em proveito próprio, Será que o Governo irá fazer a mudança que há muito os trabalhadores DEFICIENTES necessitam, para que deixem de ser impedidos de evoluírem profissionalmente e de ingressarem na carreira de Técnico Superior apesar de há décadas reunirem todos os requisitos legais para isso? Já vai sendo altura de o Governo devolver aos funcion´rios públicos os Subsídios de Férias e de Natal por inteiro deixando de fazer incidir sobre os mesmos os descontos para a CGA, ADSE, IRS, etc, que ainda hoje tiram pelo menos 1/3 de cada um desses subsídios a quem a eles tem legítimo direito, sem esquecer que foi o último governo do PSD que impôs estes descontos e que uma vez que o PS não quis retirá-los nos 8 anos em que esteve no poder, que o PSD repare a injustiça que comete há 11 anos desde que a Troika saiu do país, do que esperam?
  • EU
    15 mai, 2024 PORTUGAL 21:15
    Vou aproveitar este espaço para me dirigir a TODAS e a TODOS que vêem a Política do lado de fora dos Partidos Políticos Portugueses. Tenho visto os debates televisivos com os CANDIDATOS às eleições europeias e chego à conclusão que NENHUM me ELUCIDA no que à União Europeia diz respeito. Hoje vi UM POUCO o debate na Assembleia da República e vi DEPUTADAS e DEPUTADOS sem o MINIMO de DECÊNCIA para o lugar que ocupam. Como já tenho idade para não me meter em BRINCADEIRAS, peço ao Senhor Presidente da Assembleia da República que exerça o SEU PODER como é exigido a quem OCUPA o lugar. Vi através de 1 televisão 3 Meninas serem recebidas por UM vice Presidente da Assembleia da República e quando SENTADOS, o mesmo ouvia e falava com as Meninas TENDO as PERNAS CRUZADAS, como se estivesse numa ESPLANADA. Há MUITO que reclamo por BONS POLÍTICOS, estes não SERVEM o País. Reflitam, porque o RESPEITO é a base de sustentação de uma SOCIEDADE e não tenho visto respeito NENHUM.

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