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A "Martha" que inspirou série Baby Reindeer vai processar Netflix e nega ter sido "stalker"

10 mai, 2024 - 17:50 • Marta Pedreira Mixão

Numa entrevista a Piers Morgan, na noite de quinta-feira, a advogada escocesa Fiona Harvey justificou que se sentiu “forçada” a contar a sua versão da história depois de a série se ter tornado um sucesso mundial.

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A verdadeira "Martha" da série "Baby Reindeer", Fiona Harvey, acusou a Netflix de ter produzido uma obra de ficção "difamatória" e assegura que deu ordem aos seus advogados para processarem a plataforma de streaming.

Numa entrevista a Piers Morgan, na noite de quinta-feira, a advogada escocesa Fiona Harvey justificou que se sentiu “forçada” a contar a sua versão da história depois de a série se ter tornado um sucesso mundial.

Fiona Harvey disse que, apesar de "Baby Reindeer" ter sido anunciado como uma "história verídica" — que retrata a relação do humorista Richard Gadd, que na série assume o nome de "Donny Dunn", e da sua alegada perseguidora, "Martha" –, a série trata-se, na verdade, de uma "obra de ficção" e, por isso mesmo, estava preparada avançar para o tribunal. Embora negue tudo o que é retratado, Harvey garante que nunca viu a série, mas que soube da sua existência pela associação ao seu nome através do jornal Daily Mail.

"Acho-a bastante obscena. Acho-a horrível, misógina", disse Harvey sobre a série, acrescentando que tem recebido ameaças de morte na internet, "algumas delas realmente terríveis", contou. "As pessoas telefonaram-me", conta.

Fiona Harvey garantiu ainda que nunca foi acusada ou condenada por perseguição, como sugere o episódio final da série, e recusa ter enviado milhares de e-mails a Gadd, ter contactado os seus pais ou ter-lhe deixado quaisquer mensagens de voz.

A alegada "stalker" admitiu apenas ter conhecido Gadd num pub londrino, mas garante que só o viu umas "cinco [ou] seis vezes" na vida, tendo assumido também o envio de alguns "e-mails como brincadeira". Na entrevista, Harvey acusa Gadd de ser um "mentiroso" e "psicótico".

“Há dois factos verdadeiros: o nome dele é Richard Gadd e trabalha como barman no Hawley Arms", afirmou, chegando a questionar o bem-estar mental do humorista. Harvey acusa também o artista de apenas ter feito a série por "dinheiro", depois de ter "falhado" como comediante.

A Netflix defendeu que tomou "todas as precauções razoáveis para disfarçar as identidades reais das pessoas envolvidas", mas não foi suficiente, já que vários utilizadores de internet conseguiram identificar "Martha" como Harvey apenas poucos dias depois da estreia da série.

Benjamin King, diretor de políticas públicas da Netflix UK, disse esta quarta-feira que a plataforma não pode controlar a especulação das redes sociais e que não se "sentiria confortável com um mundo em que decidíssemos que era melhor que Richard fosse silenciado e não tivesse permissão para contar a sua história".

Agora, a internet aguarda mais esclarecimentos: haverá mesmo segmentos da série que serão exagerados ou "Martha" fez tudo o que aparece na série?

"Baby Reindeer" tem quase 54 milhões de visualizações desde a sua estreia a 11 de abril. Na série, Richard Gadd relata que a sua "stalker" lhe enviou 41.071 emails, 350 horas de mensagens de voz, 106 páginas de cartas, 744 tweets e 46 mensagens no Facebook. Mas, agora, devido à série na Netflix, é Fiona Harvey quem recebe as ameaças, segundo relatou.

Outra dúvida que persiste em relação à série, é a identidade do agressor de Gadd, pois uma das histórias paralelas é sobre o facto deste ter sido abusado sexualmente por uma figura poderosa do mundo da comédia, cuja identidade tem sido mantida em segredo. Aliás, uma das críticas online feita aos investigadores que tentavam desvendar a identidade de "Martha", era por quê a obsessão com esta personagem, quando, na verdade, a investigação, a ser feita, deveria ser sobre o "agressor sexual", já que "Martha" teria sido condenada e o outro estaria impune.

"Baby Reindeer" deixou os utilizadores da Netflix viciados e, agora, todos analisam e seguem Fiona Harvey de perto.

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