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Entrevista Renascença

Líder parlamentar do Livre defende coligação pré-eleitoral com PS para a Câmara de Lisboa

11 mai, 2024 - 15:29 • Tomás Anjinho Chagas

Isabel Mendes Lopes lança "mega-coligação" para derrubar Carlos Moedas em 2025 mas acredita que o Livre deve ir sozinho a votos nas legislativas. Sobre as polémicas? "Estão ultrapassadas", assegura.

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Entrevista a Isabel Mendes Lopes, líder parlamentar do Livre
Entrevista a Isabel Mendes Lopes, líder parlamentar do Livre. Foto: António Cotrim/Lusa

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A líder parlamentar do Livre, Isabel Mendes Lopes, defende uma "mega-coligação pré-eleitoral" com os partidos de esquerda, nomeadamente com o PS, para a corrida à Câmara de Lisboa, nas próximas eleições autárquicas em 2025.

Em entrevista à Renascença, durante o Congresso do Livre, Isabel Mendes Lopes diz acreditar que "se a esquerda for unida, tem uma possibilidade de ganhar a CM Lisboa".

Apesar de não parecer aberta a fazer o mesmo nas legislativas (mais cedo ou mais tarde), a dirigente do Livre assinala que "as regras são diferentes", lembrando que quem vence fica com os pelouros todos e que, por isso, uma frente de esquerda teria mais facilidade em derrubar Carlos Moedas.

Neste Congresso já ouvimos alguns dirigentes a alertar para o partido manter os pés na Terra, depois quadriplicar a sua representação parlamenta. Há um risco de o partido sofrer dores de crescimento por estar a crescer muito depressa?

Há sempre esse risco e é algo que nós temos de precaver, por isso é que este Congresso também é tão importante. Temos de crescer de uma forma sustentada, unida e garantindo que estamos a trabalhar sempre a favor do país. Temos de assegurar que esse crescimento é feito sem perdermos o foco daquilo para que um partido político serve e para aquilo que para que o LIVRE foi criado, que era de facto, mudar a política em Portugal.

Em relação àquele que foi o processo de escolha de do cabeça de lista para as europeias, acha que esse essa polémica em torno do processo vai ser ultrapassada neste Congresso?

Esta polémica já está ultrapassada, os órgãos seguiram os seus trâmites e o processo foi concluído. Os processos democráticos têm sempre a hipótese de fiscalização e foi isso que aconteceu aqui nas primárias do Livre. Nós estamos agora em plena campanha para as europeias e o nosso objetivo é eleger dois eurodeputados: Francisco Paupério e a Filipa Pinto.

Falou na forma como há 20 anos que o Palácio de Belém está entregue a figuras da direita. Acha que para as presidenciais de 2026 o Livre deve apoiar um candidato mais abrangente e transversal à esquerda?

Nós entendemos que que era muito importante que a Presidência da República fosse assegurada por alguém com grande foco na justiça social, na ecologia e na salvaguarda do Estado de Direito. Entendemos que tem havido alguma polarização, divisão à esquerda na apresentação de candidatos e seria muito interessante haver um candidato ou uma candidata - aliás, seria até mais interessante haver uma candidata - que conseguisse gerar consenso das forças à esquerda.

E tem alguém em mente?

Ah, neste momento não vou adiantar, até porque os processos de escolha dentro do próprio Livre são sempre feitos de forma de forma democrática. Neste momento não vou adiantar nomes.

Tem um nome em mente só não quer é revelar...

Ah, não sei, vamos ver... (ri-se)

Em relação às legislativas, acha que o partido devia replicar aquilo que foi feito agora com a AD? Uma frente de esquerda juntamente com outros partidos para agregar mais votos...

Devemos fazer um trabalho minucioso de preparação para uma governação de esquerda progressista, isso não quer necessariamente dizer que depois os partidos concorram numa coligação. O que pode acontecer é cada partido concorrer por si, mas sendo claro que estão prontos para governar uns com os outros.

Não teme que ao manifestar essa disponibilidade, mas não ir a eleições coligado, o LIVRE se possa prejudicar eleitoralmente?

Não, porque cada partido tem as suas especificidades. Sentimos que o LIVRE é reconhecido como um partido que faz muita falta, aliás foi o partido de esquerda que cresceu nestas últimas eleições. Temos trazido as ideias de futuro, seja a semana de 4 dias, o alargamento do subsídio de desemprego a vítimas de violência doméstica, criação do passe ferroviário nacional, o estudo para a criação de uma herança social, para garantir que todas as pessoas têm um pé-de-meia para começar a sua vida adulta. Nunca teremos medo de nos apresentarmos sozinhos. Mesmo quando depois o objetivo seja governar numa ligação pós-eleitoral.

Nas autárquicas o LIVRE já antes concorreu coligado com o Partido Socialista à Câmara de Lisboa. Isso é uma possibilidade para derrubar uma candidatura que, em princípio, será a de Carlos Moedas?

As eleições autárquicas têm uma característica muito relevante: o partido ou a coligação que ganha é aquele que que governa. Depois há situações que são caricatas como acontece em Lisboa. Carlos Moedas não tem maioria, governa em minoria, tem 7 vereadores e a oposição tem 10 vereadores. Isto torna a gestão da cidade complicada e mostra que, se a esquerda for unida, tem uma possibilidade de ganhar a Câmara de Lisboa e voltar a ter políticas progressistas, e mais progressistas porque o Livre faria parte de uma mega-coligação...

Aí sim uma ligação entre pré-eleitoral...

Aí tem de ser uma coligação pré-eleitoral, porque as regras são diferentes nas legislativas e nas autárquicas. Agora, os cenários são sempre diferentes consoante o local do país de que estamos a falar. Por exemplo em Oeiras, juntamente com o Bloco de Esquerda, o Volt e o Movimento Cidadãos Evoluir Oeiras conseguimos eleger est, uma vereadora, três deputados municipais e vários representantes de Assembleias de Freguesia e são a única oposição que o Isaltino Morais tem no município de Oeiras. Temos de olhar para estas autárquicas de forma bastante aberta e perceber em cada local qual é que a que a política local para ajudar as pessoas de cada cidade.

No caso de Lisboa, Marta Temido seria uma boa figura para representar essa coligação?

É uma questão que tem de ser discutida. O que é importante, na verdade, são as ideias e a construção do programa. É sobretudo nas ideias, não tanto em quem é que encabeça a coligação.

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